Quando o assunto é criptomoedas, o termo blockchain sempre vem à tona. Mas não é à toa que especialistas a apontam como algo com potencial para revolucionar muitos setores produtivos.
A blockchain pode impactar na forma como transacionamos valores, armazenamos e registramos informações e documentos, e até como elegemos nossos representantes. Sim, é possível eleger o presidente de um país como o Brasil por meio dessa inovação!
Mas, o que é essa tecnologia e o que a torna tão especial? Confira todos os detalhes a seguir e saiba como a blockchain deve revolucionar o sistema financeiro e logístico mundial.
O que é blockchain?
Blockchain é o nome dado à tecnologia por trás das criptomoedas. O conceito foi desenvolvido muito antes do mercado cripto vir à tona, ainda na década de 1990. O seu uso, porém, só ganhou força em 2008, quando Satoshi Nakamoto (pseudônimo do ou dos desenvolvedores do Bitcoin) divulgou o whitepaper do projeto.
Trata-se de um ecossistema automatizado que rege a criação, a emissão de criptomoedas e a validação de infinitos serviços. Os smart contracts são os principais responsáveis por validar essas transações.
Fazendo um paralelo com o universo analógico, a blockchain é uma espécie de livro-razão contábil que tem a finalidade de registrar todas as transações de uma determinada aplicação.
As criptomoedas, por exemplo, são verificadas e validadas por meio de uma grande rede ponto a ponto, que atua de forma descentralizada e colaborativa, com voluntários distribuídos ao redor do globo (tecnicamente, esses voluntários são chamados de “nós”).
A principal blockchain do mercado cripto hoje é a Ethereum, rede que permite a criação de milhares de tokens e também serve para validar operações de aplicativos descentralizados (dApps). A partir dela, diversas outras redes blockchain surgiram para suprir a expansão desse mercado com focos diversos – como o metaverso e os jogos NFT.
Como uma blockchain funciona?
O que torna essa rede única, enquanto tecnologia, é o uso da criptografia. Mas não só isso: a blockchain é pública, uma vez que opera sob um código-fonte aberto que pode ser acessado por qualquer pessoa e a qualquer momento. As informações ficam registradas em blocos vinculados entre si, criando uma cadeia de dados transparente e segura.
A blockchain armazena todas as informações sobre as transações realizadas com as criptos que dependem desse sistema. Cada bloco de informações é gerido por um hash, algoritmo que as transformam em um conjunto de números e letras, tornando-as criptografadas. Com o auxílio do hash, cada bloco criptografado se integra a outro, criando uma sequência única.
Essa corrente obriga que um bloco de informações seja descriptografado apenas quando o anterior também tiver passado pelo mesmo processo. Isso faz com que um hack seja praticamente impossível.
Tipos de redes blockchain
Existem diversos tipos de blockchains disponíveis no mercado, uma vez que elas podem ser utilizadas para diferentes fins. Confira as principais opções:
Blockchains públicas
O ecossistema de rede mais conhecido e utilizado é o público, sendo a principal forma como são emitidas e armazenadas as milhares de criptomoedas do mercado. Esse sistema descentralizado permite a participação igualitária dos usuários e é gerido por meio de validação automatizada.
Assim, os membros trabalham em conjunto e de forma anônima para realizar transações e rastreios de dados, sem que haja qualquer controle de um órgão centralizado. Exemplos:
- Bitcoin;
- Ethereum;
- Dogecoin;
- Litecoin;
- Ripple.
Blockchains privadas
Como o próprio nome sugere, as blockchains privadas são controladas por entidades ou grupos específicos, e servem como um sistema otimizador de processos. A entrada de novos usuários é controlada por um gerenciador e as atividades exercidas devem seguir regras específicas.
Esse é o caso de instituições financeiras que se utilizam da tecnologia para aprimorar os seus processos sem expor os dados de seus clientes. Os usuários internos da aplicação têm permissão para adaptar o sistema, mas de forma limitada. Exemplos:
- Hyperledger Fabric;
- Corda;
- Quorum;
- MultiChain.
Blockchains permissionárias
Essas redes permitem maior flexibilidade para a entrada e o controle de membros. A política é determinada por meio de uma série de regras preestabelecidas, e a entrada dos membros depende da concordância com a aceitação desses termos.
Na prática, o sistema é mais descentralizado e flexível que o privado, mas ainda mantém certa privacidade em relação ao sistema público. Esse formato de blockchain é geralmente utilizado por instituições governamentais em transações business to business (B2B). Exemplos:
- EOSIO;
- IBM Blockchain Platform;
- Openchain;
- Lisk.
Blockchains de consórcio
Esse tipo de rede surgiu da necessidade de se operar sob a transparência e a descentralização da blockchain pública, mas com maior controle de gerenciamento. Assim, ele mescla público e privado para permitir determinadas tarefas.
A tecnologia de consórcio permite maior controle sobre os dados de acesso e das transações. Os desenvolvedores responsáveis pelo protocolo determinam o que pode ser aberto aos usuários e o que deve constar como acesso restrito. Exemplos:
- R3 Corda;
- Hyperledger Sawtooth;
- Hyperledger Indy;
- Quorum.
A blockchain é realmente segura?
É inviável e, pode-se dizer, impossível alterar um registro em uma blockchain, já que uma mudança em um bloco antigo obrigaria uma nova validação de todos os blocos anteriores – tornando o processo inviável sem que os outros usuários da rede detectassem. Essa é uma das razões pela qual o risco de fraude é mitigado.
Mas, além disso, o engenhoso protocolo consegue se manter preservado porque fornece um poderoso sistema de recompensa para os usuários envolvidos. Quem colaborar com a segurança e manutenção do sistema recebe criptomoedas em troca.
Isso significa dizer que a confiança que a blockchain traz para a validação de uma transação é fomentada pela própria rede e não mais por uma terceira parte, cuja idoneidade tem um preço e pode ser sempre colocada sob suspeição.
Riscos da blockchain
Apesar de ser considerada uma tecnologia revolucionária para o sistema financeiro mundial, essa rede ainda é muito nova. Por isso, ela pode apresentar instabilidade para quem não está adaptado ao sistema. A falta de regulamentação também faz com que o usuário fique mais exposto e de mãos atadas caso ocorram perdas de dados.
Como a tecnologia possibilita transações sem intermédio de grandes instituições, pode levar tempo até que a sua adoção seja amplamente aceita pelo mercado e pelo público consumidor. Por isso, antes de utilizar qualquer sistema do tipo, é importante que os usuários e investidores estudem as redes de código aberto e todas as suas nuances.
Embora recente, a tecnologia blockchain tem demonstrado ser eficiente, segura e promissora. O seu uso, entretanto, ainda é restrito aos desenvolvedores e programadores, bem como às grandes empresas do ramo de TI.
Bitcoin e blockchain: diferenças
Uma dúvida bem comum para os iniciantes desse mercado é se Bitcoin (BTC) e blockchain são a mesma coisa, quem veio primeiro, qual é a função de um em relação ao outro e por aí vai.
A primeira informação que você deve ter em mente é que não, eles não são a mesma coisa. Enquanto a blockchain trata do ecossistema que permite a criação de milhares de criptoativos, o BTC é apenas uma das criptomoedas desse enorme aparato.
Cada criptomoeda, porém, é emitida e gerenciada em uma blockchain, seja ela de mesmo nome – como é o caso do BTC e sua blockchain Bitcoin –, seja ela emitida por uma blockchain terceira – como os tokens ERC-20, que operam na blockchain Ethereum.
Apesar de a blockchain ter ganhado forma com o surgimento do Bitcoin, ela é hoje utilizada de maneira independente.
O grande impacto
Como é possível observar, a blockchain promete revolucionar uma série de mercados mundo afora, por conta do seu robusto sistema criptografado. Toda essa confiança pode ser traduzida em transparência, sendo ela a peça-chave do poder dessa tecnologia de inovar nossas instituições, sejam elas públicas ou privadas, como:
- Cadeia de Suprimentos;
- Identidade Digital;
- Cartórios;
- Direito;
- Viagens;
- Imobiliário;
- E muitos outros.
É claro que essa rede conta com diversos atores, cada um cumprindo o seu papel para a eficiência e proteção do sistema, mas isso é assunto para um próximo texto.