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O que é um “bridge” em blockchain e como funciona

O que é um “bridge” em blockchain e como funciona

O que é um bridge em blockchain, como funcionam as pontes entre redes e quais riscos e boas práticas adotar ao usá-los.

Fernando Clementin
Jornalista e tradutor.
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11/8/25

Cada rede blockchain tem sua criptomoeda nativa e, ao mesmo tempo, muitas redes permitem a criação de tokens nela. Um exemplo claro é o Ethereum, onde convivem diversos tokens como USDT, USDC, BNB, UNI e muitos outros.

No entanto, esses tokens nem sempre ficam restritos a uma única rede e é comum encontrá-los em blockchains diferentes. Para que isso seja possível existem os bridges (ou “pontes”), que permitem transferir criptomoedas ou tokens de uma rede para outra.

Como funciona um “bridge”?

Para usar um bridge entre blockchains, o primeiro passo é confirmar que ele é compatível com as duas redes que queremos conectar. Por exemplo: se quisermos passar USDT da rede Ethereum para Solana, precisaremos usar um bridge que ofereça suporte a ambas as blockchains.

O processo começa com a transferência do USDT para o endereço em Ethereum fornecido pelo bridge. Depois que a transação for confirmada — o que pode levar alguns minutos —, o bridge vai pedir que informemos o endereço de destino em Solana para completar a operação.

Uma vez confirmado o envio, receberemos o equivalente ao que depositamos (menos as taxas) para poder operar em Solana e em todos os protocolos da sua rede.

O que não se vê nesse intercâmbio é que o bridge muitas vezes resgata ou “queima” os tokens na rede nativa e emite novos tokens na rede de destino. Dessa forma, reduz-se o estoque de USDT em Ethereum e criam-se novas unidades em Solana. Esse mecanismo assegura que não existam duas cópias idênticas do mesmo token em redes diferentes.

Quando um token não existe de forma “original” em uma blockchain, emite-se uma versão “wrapped” (embrulhada) que representa o ativo original e mantém seu valor, mas adaptada à rede de destino. Por exemplo: se transferirmos BTC para Ethereum, o que vamos receber é Wrapped BTC (wBTC), um token ERC-20 lastreado em bitcoin real que pode ser usado em aplicações DeFi no Ethereum.

Tipos de bridges blockchain

Existem diversos tipos de bridges. Esses protocolos podem ser classificados principalmente segundo sua estrutura e a direção do fluxo de ativos.

Por um lado, temos bridges centralizados e descentralizados. Nos primeiros, uma empresa ou organização controla o funcionamento do protocolo e custodia os fundos dos usuários enquanto a transação é executada. Já nos bridges descentralizados, essa função fica a cargo de um contrato inteligente — um programa autônomo que executa as operações automaticamente quando certas condições são atendidas.

Por outro lado, há bridges unidirecionais e bidirecionais. Como dá para imaginar, nos primeiros só podemos levar fundos de uma rede a outra em um único sentido, sem possibilidade de voltar pelo mesmo caminho. Nos bidirecionais, os tokens podem “ir e voltar” entre duas redes.

Também há diferenças conforme o mecanismo técnico que cada bridge usa para mover ativos. Alguns bridges trabalham com o modelo lock and mint (“bloqueio e emissão”), no qual o token original é bloqueado na rede de origem e um token equivalente é emitido na rede de destino.

Outro modelo parecido é o burn and mint (“queima e emissão”). Nesse caso, os tokens enviados são destruídos ou “queimados” na rede de origem, em vez de ficarem bloqueados temporariamente. Portanto, não é possível recuperar esses tokens na rede original. Se o usuário quiser voltar, precisa realizar uma nova operação no sentido inverso, queimando e emitindo tokens novamente.

Por fim, alguns bridges funcionam mediante liquidez nativa ou liquidity pools, com um fundo compartilhado de tokens em ambas as redes que permite realizar a troca rapidamente.

Exemplos populares de bridges

Alguns dos bridges entre redes mais utilizados são:

  • Wormhole: um dos bridges mais reconhecidos. Conecta as principais redes do ecossistema DeFi e oferece ferramentas para integração em aplicações descentralizadas. É open source e recebeu revisões de segurança por especialistas ligados ao Uniswap, o maior protocolo DeFi do Ethereum.
  • LayerZero: protocolo de troca de dados entre blockchains. O diferencial do LayerZero são as aplicações que o utilizam — como Ethena, EtherFi, Radiant e Stargate — que aproveitam a comunicação entre redes descentralizadas para oferecer serviços multichain.
  • Stargate: descrito como uma “camada global de liquidez”, faz parte do ecossistema ligado ao LayerZero e permite trocar grande quantidade de tokens entre várias redes DeFi.
  • USDT0: embora não seja estritamente um bridge, mas uma ferramenta da Tether (emissora da stablecoin USDT), tem finalidade similar: transferir USDT entre redes. Reporta volumes mensais na casa de bilhões de dólares.

Boas práticas ao usar bridges

Bridges são soluções indispensáveis para um ecossistema descentralizado com múltiplas opções e funcionalidades — mas também envolvem riscos.

Algumas recomendações práticas:

  • Verifique sempre os endereços: confirme que os endereços que você insere são corretos e compatíveis com a rede escolhida. Transações são irreversíveis; um erro pode fazer você perder seus fundos.
  • Use bridges reputados e auditados: contratos inteligentes de bridges já foram alvo de ataques — com perdas milionárias entre 2020 e 2022 —, mas os projetos mais conhecidos melhoraram significativamente sua segurança. Prefira soluções com auditorias públicas e histórico comprovado.
  • Teste com valores pequenos: antes de mover grandes quantias, faça uma transferência de teste. Assim você confere que tudo funciona como esperado.
  • Cheque as taxas: revise as comissões aplicadas em cada etapa da transferência — tanto taxas de rede quanto eventuais custos do serviço do bridge.

Em resumo, bridges são ferramentas poderosas para quem opera tokens entre diferentes blockchains. No entanto, devem ser usados com cautela, informação e paciência: uma operação mal feita pode não ter volta.

O conteúdo deste artigo tem apenas fins informativos e/ou educacionais. Não constitui aconselhamento financeiro, legal, fiscal ou de investimento, e não deve ser interpretado como uma recomendação para tomar qualquer ação específica.

Antes de tomar decisões financeiras, de investimento ou comerciais, é recomendável consultar um assessor ou profissional qualificado na área correspondente.Os ativos digitais podem apresentar alta volatilidade em suas cotações. A Ripio não oferece garantias ou representa a viabilidade ou adequação desses ativos como uma opção de investimento.