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Uma introdução à Web3, a nova etapa da internet

Uma introdução à Web3, a nova etapa da internet

A primeira web era estática e despersonalizada. A 2.0 melhorou a criação de conteúdo e a adaptação dos sites. Hoje, a web3 busca descentralizar a internet.

Santiago Juarros
Content Analyst
16/2/22

O ecossistema cripto está cheio de conceitos e palavras-chave. Algumas são bem próprias, como blockchain ou DeFi; e outras redes mais gerais, como protocolos ou criptografia. E também aparecem alguns conceitos adaptados ou evoluídos, buscando destacar o salto de qualidade que as ferramentas cripto trouxeram para determinadas áreas. É o caso da ideia de web3.

Para começar, poderíamos definir web3 como uma série de ferramentas descentralizadas que nos permitem lidar de forma diferente com o fluxo de informações e ferramentas on-line. Para isso, eles usam sistemas de validação de identidade e propriedade típicos de blockchains. Nesse contexto, são as wallets digitais (carteiras) que permitem interagir com todo o ecossistema de dApps em liberdade.

A evolução da internet

A primeira internet era muito simples, com sites estáticos e computação baseada em software de desktop. O acesso à Internet era limitado, assim como os projetos e a execução dos sites. Surgiu então o que é conhecido como web 2.0 e começaram a aparecer as redes sociais, sites personalizados e aplicativos para dispositivos móveis. Uma Internet também responsiva: isto é, capaz de adaptar sua forma ao tipo de dispositivo a partir do qual a conexão é feita.

Esta web 2.0 foi apresentada como uma internet onde, além de ler, consumir, ser destinatário de informação, como era o caso desde os primeiros anos da "rede de redes", os usuários também poderiam ser produtores e emissores, e participar com seu próprio conteúdo. O problema é que o poder de produção e conectividade de conteúdo depende cada vez mais das grandes empresas, que também possuem nossos dados e preferências, e nem sempre os utilizam de forma transparente.

Nesse contexto, o conceito de web3 vem ganhando força principalmente nos últimos dois anos para inaugurar uma internet não apenas mais participativa, mas fundamentalmente descentralizada: a internet das redes blockchain, dApps e comunidades cripto.

Descentralização e propriedade, as chaves

O uso massivo da internet está ocorrendo atualmente em um ecossistema da web 2.0. Participamos de redes sociais como Facebook ou Twitter, usamos serviços de e-mail como GMail e gerenciamos aplicativos como Spotify, Uber ou YouTube. Todos esses serviços são centralizados: são controlados por uma empresa que armazena as informações em seus servidores. E é muito difícil saber realmente o que eles fazem com nossos dados e por quê.

A promessa da web3 é a de uma internet transparente e descentralizada, onde desenvolvedores independentes contribuem com o design de aplicativos sobre os quais não precisam manter o controle, pois delegam sua operação a contratos inteligentes que são previsíveis e não podem ser manipulados.

O uso da tecnologia de registro e validação de blockchain, como nas operações com criptomoedas, também permite verificar identidades e propriedades digitais sem a necessidade de uma agência, empresa ou estado para centralizar operações e dados.

Uma Web resistente à censura

Assim como o Bitcoin é uma rede resistente à censura, os aplicativos web3 também são. Na internet "antiga", um serviço como o Twitter pode regular e censurar uma conta ou certos tipos de mensagens; ou um processador de pagamento pode recusar a origem de uma transação, ou pagamento para certos tipos de trabalho.

Na web3 de aplicativos descentralizados, contudo, não há um controle central que possa determinar o que pode ou não ser dito em uma rede social, não há requisitos de informações pessoais para decidir se uma transação pode ou não ser realizada. E, acima de tudo, não há como atacar um servidor para derrubar um serviço.

Tudo isso, em geral, resulta em uma Internet mais cooperativa, mais livre e mais resistente. Claro que isso é a ideia da web3: ainda é um espaço em expansão, que está apenas começando a se definir, tantos projetos estão procurando sua forma final e há muitos outros que ainda nem podemos imaginar.

Em todo esse novo panorama, os endereços cripto têm um papel central, pois servem como identificadores para a web3. É por isso que as carteiras de criptomoedas são tão importantes, que além de nos permitir operar com nosso portfólio de tokens e criptomoedas também nos permitem gerenciar nossa identidade digital.

Web3 não é igual as criptomoedas

Em espaços de debate como o Twitter, a utilização desse conceito de web3 vem crescendo. Mas em muitos casos de uma abordagem errada: web3 não designa as exchanges, não designa criptomoedas e também tampouco não designa blockchains ou metaverso.

Se essa ideia de web3 tem a ver com qualquer coisa em todo o ecossistema cripto, é com os dApps, aplicativos que funcionam com base em blockchain e que permitem que os usuários possuam seu conteúdo (como suas postagens em dApps sociais) e seus ativos (como seus personagens de videogame play-to-earn, por exemplo).

Em suma, a web3 é uma série de ferramentas descentralizadas baseadas em blockchain que prometem continuar a revolucionar a maneira como usamos a internet, participamos de comunidades e transferimos dinheiro e informações. Em sua forma ideal, a web3 trará cada vez mais liberdade e segurança ao uso de ferramentas on-line, ao mesmo tempo, em que poderá dar um grande impulso à adoção em massa de criptomoedas.