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Halving: o que é e como afeta o mercado de criptos

Halving: o que é e como afeta o mercado de criptos

Halving de bitcoin é um evento que ocorre no mercado de criptomoeda, mas você sabe exatamente do que se trata? Entenda aqui!

Mitie Okabayashi
Global Content Strategist
26/9/22

As particularidades do Bitcoin (BTC) surpreendem a cada dia, em especial conforme aumentam os interessados em investir nessa que é considerada a criptomoeda mais famosa já lançada. Uma das características mais notáveis é a existência do halving do Bitcoin. Já ouviu falar desse processo de ajuste da moeda?

Em tradução livre, o halving nada mais é que um corte nas fatias do BTC, que tendem a diminuir pela metade sempre que acontece. Para entender esse processo, entretanto, é preciso voltar um pouco à história e compreender o funcionamento da cripto desde o início.

Em dúvida sobre o que é halving e por que ele acontece? Neste post, explicamos a fundo como funciona a mineração de BTC, qual o impacto do halving no preço da moeda e como ele influencia a própria inflação no mercado cripto. Confira!

O que é o halving do Bitcoin?

Para compreender como funciona o halving do Bitcoi, é preciso, antes, entender o funcionamento geral dessa moeda. 

O BTC é emitido por um processo chamado mineração. A técnica consiste em um processamento feito por meio de máquinas poderosas, que se utilizam de problemas matemáticos para validar as transações da rede Bitcoin.

A mineração de BTC custa caro, já que consome uma parcela considerável de energia para validar o processo, além de demandar um grande poder computacional para processar as validações. Os mineradores só se beneficiam do processo porque são recompensados em BTC ou Satoshis (fragmentos de Bitcoin) a cada problema solucionado.

No entanto, por ser uma moeda cuja criação é limitada a 21 milhões de unidades, estima-se que todos os BTC já terão sido emitidos até 2140. Assim, diferentemente do que acontece com o dólar, o real, o euro e as demais moedas fiduciárias, essa cripto tem a sua oferta limitada e conhecida – o que varia é apenas a demanda.

Halving como processo de “ajuste” da mineração

E onde entra o halving nessa história? Para respeitar a limitação criada para controlar a inflação desse ativo, o seu sistema prevê que o número de BTC obtidos por bloco deve ser reduzido pela metade a cada 210 mil blocos minerados – ou seja, sempre que essa marca é atingida, acontece o “halving” da moeda.

Para entender na prática, um exemplo: se os mineradores recebiam 50 BTC inicialmente por bloco minerado, após o primeiro halving, eles passam a receber 25 BTC, e assim por diante.

Linha do tempo dos halvings de Bitcoin

O primeiro halving do Bitcoin aconteceu em 2012, quando a recompensa caiu de 50 para 25 BTC por bloco minerado. Já o segundo ocorreu em 2016, quando passou a ser de 12,5 BTC. 

O terceiro e mais recente halving aconteceu em 2020, resultando na queda da recompensa para 6,25 BTC por bloco. A previsão para o quarto halving do Bitcoin é de ele que aconteça em 2024.

Como cada bloco de Bitcoin deve ser minerado a cada dez minutos, de forma que ele seja integrado à blockchain e o minerador receba sua recompensa, é possível estimar que o halving deve acontecer a cada quatro anos.

No entanto, essa previsão considera um cenário em que os blocos são minerados a cada dez minutos, sem interrupções. Caso, eventualmente, a mineração se torne um evento mais raro, levará mais tempo para o halving acontecer.

Como o halving influencia no preço do Bitcoin?

Agora que você compreendeu o que é o halving do Bitcoin, deve estar se perguntando como esse procedimento funciona na prática e o que determina o preço da moeda.

Como o halving reduz pela metade a recompensa dos mineradores, ele acaba impactando a emissão de novas criptomoedas. Como funciona na clássica “lei da oferta e da procura”, a atividade gera uma característica deflacionária nos preços da moeda digital. 

Dessa forma, fica mais fácil visualizar o porquê do halving afetar diretamente o preço do BTC: com menos emissões de moedas, o preço tende a se elevar por conta da escassez de novas moedas. Porém, no mercado das criptomoedas, essa não é uma matemática tão clara.

Como o Bitcoin é um ativo recente e imprevisível, não é possível afirmar com 100% de certeza se as ações sobre ele determinam uma queda ou alta dos preços. Entretanto, como o halving já ocorreu três vezes e teve um impacto parecido – com os preços crescendo conforme a diminuição de blocos –, é provável que isso forme um padrão de comportamento com o tempo.

Como funciona a inflação do Bitcoin?

O termo “inflação” é um velho conhecido dos brasileiros, afinal já passamos por grandes eventos que culminaram na alta ou baixa desse índice para os preços no país. Ela ocorre sempre que há um aumento da oferta de dinheiro em circulação. No caso do Bitcoin, o processo de halving gera um efeito contrário.

Com o último halving ocorrido em 2020, a cripto passou a ser dividida por uma taxa de 6,25 BTC por bloco, culminando em até 328.500 moedas geradas por ano. Quando comparada com o total de tokens em circulação – cerca de 18,83 milhões –, é possível determinar uma taxa de inflação de 1,74%.

Como é possível observar, mesmo com a diminuição dos ativos disponíveis, o Bitcoin se manteve estável após o halving. Ainda assim, o halving gerou um aumento dos preços da moeda. 

Se a tendência permanecer para os próximos anos, acredita-se que com a redução cada vez maior dos blocos, o preço do ativo tende a crescer exponencialmente. Dessa forma, a criptomoeda mais famosa do mundo deve se valorizar ainda mais.

Quais são os impactos do halving do Bitcoin?

Mas, não é só no preço que o halving tende a impactar quando ocorre. O halving do Bitcoin costuma causar quatro grandes impactos: 

Aumento da demanda de Bitcoin

Como o halving traz mais visibilidade para o Bitcoin e o coloca em destaque nas notícias, é natural que aconteça um aumento da procura por negociação. Esse aumento por novas moedas já é tido como um dos principais fatores para o também aumento do valor de cotação da cripto.

Provável alta no valor de mercado

A lógica do mercado diz que reduzida a oferta e mantida a demanda, o preço tende a se elevar. Foi justamente isso que aconteceu nos três halvings já ocorridos de Bitcoin: nessas ocasiões, a cotação da cripto subiu no ano posterior à data do evento.

Impactos nas demais criptomoedas

Enquanto a demanda por Bitcoin aumenta ao longo dos primeiros meses que antecedem o halving – devido à expectativa de valorização –, a busca por outras criptomoedas costuma passar por uma diminuição considerável.

Mineração menos atraente

Como dito anteriormente, a mineração de BTC custa caro. Por isso, caso a alta esperada não aconteça, a mineração pode, sim, tornar-se menos atrativa. O minerador costuma calcular se a recompensa cobrirá esse custo e ainda dará lucro, porém, se após o halving ele receber metade das moedas, a conta pode simplesmente não fechar. 

O padrão de alta após o halving do Bitcoin

Embora não existam garantias de que isso ocorrerá sempre, o mercado tende a precificar o fato de que a taxa de crescimento do número de moedas tende a cair pela metade. Foi o que ocorreu no primeiro halving do Bitcoin: um ano antes, o BTC valia cerca de US$ 2,55 e depois do halving passou a valer cerca de US$ 1.037.

O mesmo ocorreu no segundo e terceiro halvings. Um ano antes do segundo, a cotação era de cerca de US$ 268, enquanto um ano depois atingiu os US$ 2.525. Por fim, um ano antes do terceiro halving, a cotação do Bitcoin estava por volta dos US$ 7.223 e um ano após o evento, ela chegou a US$ 58.958.

Apesar desses cenários, as estimativas são inconsistentes. Enquanto alguns analistas sugerem uma alta expressiva da moeda, outros argumentam que esse é um evento já conhecido pelo mercado e que, por isso, não deve ter grande impacto no preço.

Porém, levando como exemplo os últimos três halvings, acreditar que a alta no valor de cotação é quase garantida não é algo tão absurdo assim. No entanto, vale ter em mente que o Bitcoin é um ativo extremamente volátil e que por mais que uma previsão pareça óbvia, nada é garantido.

Outras criptomoedas passam por halving?

Sim, outras criptomoedas do mercado têm o halving como parte da forma que elas operam. Afinal, assim como o Bitcoin, diversas altcoins têm uma quantidade limitada de frações a serem emitidas, tornando o halving necessário. No entanto, os pré-requisitos para que ele aconteça são diferentes em cada caso.

O Dash (DASH), por exemplo, reduz a recompensa para os mineradores em 7,14% a cada 210.240 blocos, o que dá, em média, 383,25 dias. Portanto, com essa dinâmica diferente e com esse prazo mais curto, a pressão do evento da redução é mais constante. Por isso, diversos especialistas afirmam que já não faz mais sentido minerar essa criptomoeda.

Já o Litecoin (LTC) tem um sistema similar ao do BTC, e seu último halving aconteceu em agosto de 2019. Em 7 de agosto de 2018, a moeda estava cotada a US$ 67,31, e em menos de um ano, a cotação subiu para US$ 91,31 – uma valorização de 35,7%. 

Como o halving do Bitcoin pode afetar os investimentos?

É válido ter a possibilidade de halving sempre que você for investir em criptomoedas. Apesar de o evento não gerar impactos claros, ainda é válido considerá-lo como um acontecimento que culmina em oscilações no valor de mercado de todas as criptomoedas que você tem por interesse adquirir.

Se você for um investidor “normal”, que utiliza o BTC no dia a dia, fazendo transações ou enviando dinheiro pelo mundo, o halving não deve ter nenhum tipo de consequência imediata e será possível continuar usando essa criptomoeda normalmente. A única mudança que você sentirá será no valor de mercado.

Para um especulador, aquele que compra e vende moedas para obter ganhos de capital, a situação é diferente. Ainda não existe um histórico suficiente que permita projetar com alto grau de confiança o que acontece em um evento como esse. Os ganhos podem ser muitos, mas também não é possível descartar um cenário de desvalorização intensa.

Já se você trabalha com a mineração de Bitcoin, o cenário tende a se tornar cada vez mais desfavorável, especialmente se nos próximos halvings a criptomoeda não sofrer uma valorização considerável, o que pode fazer com que não seja lucrativo seguir minerando.