Criado com o propósito de revolucionar o setor financeiro global, o Bitcoin (BTC) é uma criptomoeda descentralizada que funciona sem a necessidade de intermediários, como bancos e órgãos monetários. Por conta disso, essa cripto não é associada a nenhum lastro, como ocorre com outras moedas fiduciárias.
Mas, afinal, o que é lastro no mercado financeiro? O fato de não ter um lastro faz do BTC um ativo desprotegido? Acompanhe o texto a seguir e tire todas as suas dúvidas sobre o tema.
O que é lastro?
O lastro nada mais é do que uma garantia que dá valor a uma moeda. Antigamente, usava-se como lastro o que chamamos de padrão-ouro: para cada cédula impressa, o governo deve ter uma reserva de ouro proporcional. Ou seja, quanto mais reservas o país tem de sua moeda, mais o ativo se fortalece.
Hoje, os países utilizam o sistema fiduciário. Dessa forma, o valor da moeda está relacionado às garantias que o governo oferece, que são capazes de dar estabilidade ao dinheiro. Por isso, as moedas correntes dos países não são lastreadas, mas têm a sua garantia atrelada à estabilidade e à força de cada governo – sendo a dívida pública um dos principais parâmetros para a emissão de novas moedas.
O lastro pode ser usado em qualquer transação que não haja exigência de uma garantia, como dinheiro, investimentos, máquinas, veículos etc. Ainda, muitas operações têm algum tipo de lastro, como é o caso dos investimentos.
Como funciona o lastro?
A principal função do lastro era restringir que os governantes e banqueiros realizassem práticas imprudentes, como emitir muito mais dinheiro do que deveriam. Assim, quando havia o padrão-ouro, não se podia emitir mais moeda do que o equivalente ao ouro em custódia.
Dessa maneira, a população ficava protegida e seu dinheiro não perdia valor por causa das decisões cunhadas em interesses pessoais ou de terceiros. Com o passar do tempo, a partir do momento em que o Estado passou a intervir cada vez mais na economia e com os bancos centrais emitindo o seu próprio dinheiro, o padrão-ouro perdeu valor e serventia.
As moedas governamentais ainda são lastreadas em ouro?
Como dito anteriormente, o mecanismo de lastrear a reserva de moeda de um governo com o padrão-ouro teve seu fim, principalmente, por causa das guerras. Para financiar munições, frentes de ataque e de defesa, por vezes, emitia-se mais dinheiro do que o padrão-ouro permitia.
Após a Segunda Guerra Mundial, um acordo fez com que o padrão-ouro fosse substituído por um padrão dólar-ouro e muitos países fixaram as suas taxas de câmbio em relação ao dólar dos Estados Unidos.
No ano de 1971, porém, o padrão dólar-ouro foi abandonado pelos EUA por causa das consideráveis despesas e necessidades de financiamento que surgiram com a Guerra do Vietnã.
Atualmente, as moedas governamentais não possuem um lastro bem definido como era feito com o ouro. Basicamente, a moeda estatal passou a ter seu valor simplesmente pela confiança que o povo tem em um Banco Central, no governo e/ou em suas políticas monetárias.
Quais ativos possuem lastros e quais não?
Com as mudanças monetárias em voga no atual sistema financeiro global, poucos ativos ainda são pareados a algum padrão. Os títulos de renda fixa, por exemplo, ainda possuem lastros. Já as ações e grande parte dos criptoativos ficam de fora dessa lista. Confira em detalhes:
CRI e CRA / LCI e LCA
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) são títulos de renda fixa emitidos por bancos e instituições financeiras para financiar projetos dos setores imobiliário e agropecuário, respectivamente. Ambas possuem lastro em empréstimos concedidos pelo banco emissor a esses setores.
Quando você compra um CRI, por exemplo, está adquirindo um papel com valor atrelado a uma operação imobiliária. Uma das exigências dos CRIs é ter algum bem como garantia no caso de inadimplência dos emissores do título, e essa garantia pode ser compreendida como uma forma de lastro.
As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) também são títulos de renda fixa emitidos por bancos. Nesse caso, porém, eles são destinados a financiar projetos imobiliários e do agronegócio. Seus lastros também estão associados às garantias desses setores.
Ações
As ações são títulos que representam frações do capital social de uma empresa. Quando uma pessoa compra uma ação, ela se torna sócia da empresa e tem direito a receber uma parte dos seus lucros.
Portanto, as ações não possuem lastro em ativos reais e são avaliadas de acordo com a performance financeira daquela empresa e as expectativas do mercado.
Fundos de investimento
O mesmo ocorre com os fundos de investimento, já que eles são carteiras de ativos gerenciadas por instituições financeiras. Os investidores aplicam o seu dinheiro no fundo e são remunerados de acordo com a performance da carteira de ativos.
Os fundos não possuem lastro em ativos reais, porque são compostos por uma diversificada variedade de ativos, como ações, títulos, moedas e imóveis.
Moedas digitais
As criptomoedas, como BTC e Ether (ETH), utilizam a tecnologia blockchain para funcionar. Portanto, elas não têm lastro em ativos reais, sendo avaliadas de acordo com a oferta e demanda no mercado. Além disso, elas são caracterizadas pela descentralização, ou seja, não são controladas por nenhuma autoridade central.
Há um tipo de cripto, porém, que entra para a estatística dos ativos lastreados: as stablecoins (criptomoedas estáveis), criptomoedas lastreadas em moedas fortes como o dólar e o euro, ou ainda com lastros em metais (ouro e prata), em commodities (como o petróleo) ou até tokens.
Qual a vantagem de uma criptomoeda com lastro?
O lastro das stablecoins garante que para cada moeda emitida exista uma quantidade igual de dólares, metais preciosos ou commodities guardados em custódia em um cofre ou conta bancária. As stablecoins surgiram com a finalidade de justamente reduzir a volatilidade do preço das criptomoedas.
Assim, se o dólar subir de valor, a stablecoin se valoriza; se reduzir, a stablecoin terá queda no seu valor. Algumas são pareadas em 1 pra 1, com o seu valor sempre igual ao da moeda fiduciária que a lastreia. Alguns exemplos de criptomoedas lastreadas são:
- Theter (USDT);
- USDCoin (USDC);
- TrueUSD (TUSD);
- Dólar de Gemini (GUSD);
- Pax Dollar (USDP);
- Dai (DAI).
Mas, afinal, o Bitcoin tem lastro?
O BTC é uma criptomoeda não lastreada, o que significa dizer que o seu valor não está atrelado a uma reserva financeira ou a um bem físico. O fator “deslastreador” faz parte da filosofia por trás da criação da moeda, já que se trata de um ativo descentralizado de forma proposital.
Como uma das principais funções do lastro é garantir a escassez da oferta de determinada moeda, o BTC não tem a necessidade do lastro, pois essa escassez é garantida pelo seu código-fonte e pela tecnologia blockchain, que impede a mineração da moeda acima de 21 milhões de unidades.
Apesar de o BTC não ser uma moeda lastreada, ele possui seus padrões de segurança preestabelecidos no seu projeto de origem. Além disso, ele não é uma bolha como muitos defendem. Afinal, como já dito, o seu valor e a sua segurança estão atrelados à criptografia da blockchain e à escassez intrínseca da moeda.
Como o preço do BTC é calculado se não há lastro?
Ao contrário das moedas tradicionais, o BTC tem uma quantidade finita que pode ser minerada e quando esse valor for atingido, não será possível minerar novas unidades. Assim, quanto mais escassa ela se torna, mais valiosa é.
A sua valorização se dá, principalmente, pelas oscilações da economia e da lei da oferta e da procura. Esses fatores ajudam a subir ou baixar o seu preço e também dá um certo controle à moeda, impedindo, por exemplo, uma hiperinflação.
Agora que você já entende mais sobre como o preço do BTC é calculado, você pode contar com a Ripio para comprar suas criptomoedas com segurança e preço justo!
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