O termo “moeda fiduciária” pode não ser muito conhecido pelas pessoas mas todo mundo já utilizou uma moeda como essa, afinal as cédulas de dinheiro, os cheques, os títulos de crédito e as notas promissórias entram nesse tipo de moeda.
Apesar de parecer recente, as moedas fiduciárias já existem há algum tempo. Elas foram criadas na China, ainda no século XIII. De acordo com os historiadores, esse tipo de dinheiro foi fundamental na queda do Império Mongol, devido aos gastos excessivos e a hiperinflação.
A partir do século XVII, o conceito de moeda fiduciária passou a ser usadas na Europa, principalmente na Espanha, Holanda e Suécia. Mas foi nos Estados Unidos que ela se tornou o que é hoje.
O sistema foi implantado no século XX e, em 1972, sob o governo Nixon, o país abandonou completamente o padrão-ouro, decretando o seu fim em escala internacional e mudando todo o seu sistema para a moeda fiduciária.
Quer entender melhor como funciona esse tipo de moeda e quais as diferenças em relação às criptomoedas? Continue a leitura!
O que é a moeda fiduciária?
A moeda fiduciária, também conhecida como Fiat Currency, é toda aquela que tem seu valor garantido pelo governo emissor ao invés de um commodity ou um bem físico. O que determina o valor do dinheiro é a força do governo emissor.
Hoje, a maioria dos países utiliza a moeda fiduciária para investir, comprar e economizar. Como dissemos na introdução, foi a partir da década de 1970 que a moeda fiduciária começou a substituir, em escala global, o padrão ouro e outros sistemas que definiam os valores das moedas. Vamos explicar isso melhor a seguir:
Moeda fiduciária e padrão ouro
Há alguns anos, o padrão ouro era o mais usado para definir o valor de uma moeda. Assim, para imprimir determinada quantidade de cédulas de dinheiro, o governo do país deveria deter a mesma quantidade de ouro.
Outro sistema utilizado era o de commodities. Com ele, cada governo poderia emitir novas cédulas caso detivesse uma quantidade equivalente em valor nas suas reservas de ouro. O mesmo valia para os bancos.
Dessa forma, os bancos centrais tinham um limite na geração de novas cédulas de dinheiro – e o valor da moeda baseava-se exclusivamente nos fatores econômicos e no quanto de ouro ou de commodity cada governo possuía.
Já no sistema fiduciário não existe essa relação. Ou seja, os governos podem emitir quanto de dinheiro desejarem e a força da moeda não está relacionada apenas aos fatores econômicos, mas também a outras questões que tornam um país mais ou menos estável e confiável.
Dessa forma, o controle sobre a emissão de novas moedas está totalmente nas mãos dos bancos centrais e dos governos, o que oferece mais agilidade e possibilidade dos países responderem à crises e eventos financeiros.
Podemos entender, então, que a moeda fiduciária não tem nenhum lastro relativo a algum ativo de valor físico, como ouro e prata, mas possui o seu valor monetário aceito em uma economia graças à força do seu governo.
Embora as cédulas de dinheiro sejam a representação mais conhecida da moeda fiduciária, eles não são os únicos: são consideradas como fiduciárias quaisquer modalidades que expressem os valores derivados dessa moeda, como os cheques, as promissórias, os saldos bancários e os títulos de crédito, por exemplo.
Como a moeda fiduciária tem seu valor definido?
Como o valor da moeda fiduciária não está lastreado a nenhum bem físico, muitas vezes é difícil compreender como ela tem seu valor definido. Esse tipo de dinheiro, então, é baseado na autoridade, utilidade e confiança do emissor. Vamos ver esses pontos importantes em detalhes:
Autoridade
Para que determinada moeda comece a circular e tenha valor, ela precisa ser emitida pelo Banco Central do país, com curso legal e aceitação obrigatória dentro da nação. Assim, quando um governo torna ilegal a não aceitação da moeda fiduciária como forma de pagamento, ele força empresas e pessoas a aceitarem a moeda como unidade de riqueza, meio de troca e reserva de valor.
Utilização
Ao impor determinada moeda como o meio monetário corrente da sua economia, o governo também interfere no segundo aspecto que concede valor a uma nova moeda, que é a utilização.
Se a economia que utiliza determinada moeda é rica e poderosa, mais força essa moeda terá no cenário internacional, além de reconhecimento e desejo de uso.
Confiança
Além de emitir a moeda e forçar o uso, os governos também precisam trabalhar na manutenção do valor de determinada moeda. Quando as autoridades assumem esse compromisso, a moeda passa a ter seu valor atrelado à confiança que os agentes econômicos depositam no seu valor.
Então, quanto mais adequada for a política monetária do Banco Central emissor para combater a inflação e tornar sua moeda estável, maior será a confiança das pessoas em usá-la – e maior também será a percepção do seu valor. Contudo, caso haja uma quebra geral da confiança, a moeda fiduciária acabará perdendo o seu valor.
Quais as vantagens e desvantagens da moeda fiduciária?
Como todos os tipos de moedas, as fiduciárias também possuem vantagens e desvantagens. Entre os pontos positivos, podemos destacar:
- Não são impactadas por problemas de escassez ou limitações, como ocorria no padrão ouro;
- A produção do dinheiro em papel é mais barato do que os baseados em commodities;
- É mais fácil armazenar as moedas fiduciárias do que as reservas de ouro – que necessitam de locais específicos, monitoramento e proteção, itens que oferecem custos adicionais aos governos;
- São utilizadas pela maioria das nações, o que favorece às negociações internacionais.
Contudo, os especialistas também citam alguns pontos negativos, tais quais:
- Como as moedas não têm um valor intrínseco, em tese, os governos podem emitir dinheiro como desejarem, o que pode levar à hiperinflação e ao colapso do sistema econômico;
- Historicamente, a implementação do sistema trouxe alguns colapsos financeiros, mostrando os possíveis riscos desse sistema.
O que são as criptomoedas?
As criptomoedas são moedas descentralizadas, ou seja, ao contrário da moeda fiduciária, não são emitidas por nenhum Banco Central e não estão atreladas a nenhum governo. Apesar disso, elas podem ser negociadas para a compra de bens reais e negociações internacionais.
Para funcionarem, elas usam tecnologias específicas, sendo o Blockchain e a criptografia as mais conhecidas. São elas que garantem a segurança das transações e também permitem a criação de novas moedas. A criptomoeda mais conhecida é o Bitcoin, mas atualmente existe uma série de criptomoedas em circulação, com destaque para Ethereum, Litecoin, Ripple etc.
É importante não confundir as criptomoedas com as moedas digitais ou virtuais. As moedas digitais são aquelas criadas, armazenadas e transferidas eletronicamente, mas que são emitidas e controladas por um Banco Central, estando atreladas à um governo. As moedas digitais também são moedas fiduciárias, o que muda é que elas não estão em formato físico. São exemplos o dinheiro em contas como PayPal ou no bankline.
Já as moedas virtuais são moedas digitais não emitidas por um Banco Central e que podem ser usadas como alternativa ao dinheiro dentro de uma comunidade virtual específica. Por exemplo os créditos para anúncios no Google ou Facebook e o dinheiro dentro de determinados jogos virtuais.
Moedas fiduciárias e criptomoedas: quais as diferenças e similaridades?
Agora que você já entendeu um pouco melhor o conceito das criptomoedas, deu para notar algumas diferenças e similaridades delas para as moedas fiduciárias, não é mesmo? Saiba em mais detalhes essas semelhanças e diferenças:
Semelhanças
A principal semelhança das criptomoedas e das moedas fiduciárias é que nenhuma delas tem o respaldo de um commoditie físico e ambas podem atuar de maneira digital (embora as criptomoedas não possam ser emitidas em forma física).
Diferenças
São muitas as diferenças entre elas, sendo que a principal é a descentralização. Enquanto uma moeda fiduciária está sempre atreladas aos governos e Bancos Centrais (que justamente dão o valor monetário delas), as criptomoedas são descentralizadas.
Nesse caso, para que novas criptomoedas entrem no mercado, são necessários procedimentos computacionais chamados de “mineração”. Esses procedimentos são a validação, por meio de criptografia, das transações em uma grande plataforma digital, a Blockchain. Como os processos são avançados, remunera-se os mineradores com a criptomoeda. Ou seja, em nenhum momento há a participação dos governos, a comunidade é autônoma na emissão da sua própria moeda.
Além disso, o Bitcoin e outras criptomoedas têm um valor limitado e controlado. Apenas são emitidas novas moedas pelo processo que explicamos acima e, no caso do Bitcoin, há um limite máximo de 21 milhões de moedas em circulação. Já as moedas fiduciárias podem ser emitidas sempre que os governos desejarem, de acordo com os julgamentos econômicos da nação, e não existe um limite na sua emissão.
Como as criptomoedas são digitais, elas não enfrentam fronteiras físicas, assim as transações podem ser feitas em qualquer parte do planeta. Além disso, as transações com as criptomoedas são irreversíveis, uma vez que é impossível desfazer uma ação na Blockchain. Isso torna o rastreamento desse tipo de moeda muito mais difícil do que das fiduciárias.
O valor das criptomoedas também é definido de maneira diferente, já que elas não estão atreladas à economia de nenhum país. Basicamente, o seu valor é orientado pela relação de demanda e escassez. Ou seja, quanto mais pessoas procuram pela criptomoeda maior será o seu valor.
Em relação ao mercado e a aceitação, as criptomoedas ainda são mais “tímidas”, sendo que nem todos os governos, por exemplo, aceitam esse tipo de moeda em seus países. Isso torna as criptomoedas mais voláteis do que a moeda fiduciária.
Contudo, a expectativa é que, conforme o mercado das criptomoedas for avançando, mais países passem a aceitá-las e, com o tempo, elas deverão se tornar mais fortes e influentes.
Conclusão
Como você viu, o sistema monetário está em constante evolução. Há alguns anos, para uma moeda ter valor ela deveria estar atrelada a uma quantidade de ouro ou de commodities detidas pelo governo emissor.
A moeda fiduciária veio para revolucionar essa ideia, passando a retirar o lastro das moedas e tornando o seu valor ligado à outras questões que não apenas a quantidade de metais valiosos que os governos detêm. Questões como estabilidade e força do país passaram a ser importantes definidores de valores.
As criptomoedas podem ser consideradas mais uma evolução do sistema monetário, desvinculando a emissão de moedas dos governos e Bancos Centrais e passando a dar à comunidade mais poder para gerir a emissão e as transações.
São muitos os pontos que diferenciam as criptomoedas das moedas fiduciárias e entendê-los é essencial para quem busca investir em Bitcoins ou conhecer a importância das criptomoedas no cenário mundial.
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