No mundo dos investimentos, a expressão bolha financeira é bastante conhecida. Geralmente, as pessoas do meio a associam à investimentos que têm uma valorização altíssima em um curto período de tempo. No entanto, essa associação muitas vezes é falsa. Preparamos esse conteúdo com todas as informações necessárias para que você saiba se um investimento é mesmo uma bolha especulativa.
Com a alta recente (e bem impressionante) do Bitcoin, muitos passaram a acreditar que a criptomoeda, na verdade, não passa de uma bolha financeira. Essas especulações acabam trazendo insegurança para quem deseja investir na criptomoeda e receio de aplicar seu dinheiro em algo que pode se mostrar diferente da realidade.
Mas, será que esse é o caso? Continue a leitura e entenda mais sobre essa expressão. Veja, também, por que o Bitcoin não se encaixa nessa categoria.
Afinal, o que é uma bolha financeira?
A bolha financeira ou bolha especulativa é um termo que está sempre associado ao que chamamos de efeito manada. Ele acontece quando, um grande número de pessoas passa a repetir a ação de outras, apenas porque muitas pessoas estão fazendo aquilo – sem raciocinarem sobre o que estão fazendo.
Assim, toda bolha começa com uma quantidade de pessoas comprando de maneira intensa um determinado ativo. Pela lei de oferta e procura, esse ativo passa a se valorizar bastante.
Com a crescente valorização, mais pessoas passam a comprar o ativo, sem se questionar se ele realmente vale o preço cobrado. Isso faz com que a alta se acentue cada vez mais.
Esse fato continua ocorrendo até que, em um certo momento, as pessoas notam que o valor real do ativo é bem abaixo do que está sendo negociado – e passam a vendê-lo em massa, fazendo com que o valor desse ativo despenque.
Fases de uma bolha financeira
Em geral, uma bolha financeira passa por 4 fases.
Fase 1: Discrição
Nessa fase, o ativo não é muito difundido e poucas pessoas o conhecem e operam com ele. Isso faz com que as oscilações ocorram de maneira mais natural, com topos e fundos, além de movimentos esporádicos, por causa de questões relacionadas ao mercado, ações do governo etc.
Fase 2: Consciência
Agora, o ativo passa por uma valorização mais expressiva, porque ele começa a chamar a atenção dos “Money makers”, ou seja, os grandes investidores com boa captação de tendências, que injetam altos valores e fazem com que o preço do ativo comece a ganhar impulso.
Fase 3: Modismo
Com essa alta, a notícia começa a se espalhar e pessoas com grande interesse especulativo começam a atuar no efeito manada, fazendo com que haja um crescimento anormalmente acelerado.
Nessa fase, muitos investidores são pessoas sem conhecimento do ativo ou do universo dos investimentos – e só fazem essas ações porque “ouviram falar” que era possível ganhar uma boa soma de dinheiro. Também é comum acontecerem operações com contratos futuros, ou seja, de vendas de um ativo que ainda não foi adquirido.
Se você ouviu falar de algum bom investimento, não precisa desistir dele só por isso! Basta pesquisar bastante e conhecê-lo a fundo, a fim de identificar se é o caso de uma bolha financeira ou não.
No geral, a dica é não investir sem conhecer bem onde você está colocando seu dinheiro.
Fase 4: Decepção
Nessa fase, as subidas de preço expressivas param de ocorrer e a tendência se reverte. Assim, mesmo com algumas corrigidas, o preço do ativo cai rapidamente. Isso faz com que os investidores se assustem e comecem a vender o ativo em massa, despencando seu valor ainda mais.
É claro que, para um ativo ser considerado uma bolha financeira, além de passar por todas essas fases é essencial que a base do valor embutido no ativo seja falsa.
Vamos supor que você vá em uma loja comprar um whisky, mas não é nenhum grande entendedor de bebidas alcoólicas. Então, o vendedor aproveitador, lhe diz que o preço da garrafa está na promoção por R$ 200 e fora da promoção a garrafa está a R$300. Mas, na realidade, o preço daquele ativo é de R$100.
Como você não sabe o preço real da garrafa, acaba comprando, acreditando ter feito um bom negócio e decide revendê-lo por R$250 (pois, em tese, ainda teria R$50 de lucro). A mesma história que ouviu é, então, passada adiante. Assim, a notícia se espalha e várias pessoas passam a comprar esse whisky por um valor mais alto, acreditando, na verdade, estarem fazendo um bom negócio.
Até que, em um dado momento, alguém percebe o equívoco – e, então, entramos na fase de decepção, com várias pessoas se desfazendo do seu whisky por valores módicos.
Exemplos de bolha financeira
Embora o exemplo do whisky seja fictício, as bolhas financeiras já ocorreram várias vezes. Uma das primeiras que se tem notícia ocorreu em meados do século XVII, quando as tulipas foram alvo de especulações.
Tulipas
Em 1593, o botânico Carlos Clusius levou alguns bulbos de tulipas para a Holanda após retornar de uma viagem à Constantinopla. Essa novidade tornou-se muito procurada, especialmente entre os holandeses mais ricos. Quando perceberam a oportunidade de lucro, muitos passaram a roubar e revender os bulbos. Com o preço subindo vertiginosamente, as tulipas se tornaram símbolo de riqueza e status na Holanda.
Assim, os bulbos passaram a ser trocados por bens como terras e imóveis em áreas nobres de Amsterdam e até mesmo passaram a ser negociadas na Bolsa de Valores.
Mas, como em todas as bolhas especulativas, algumas pessoas notaram que o preço das tulipas não era condizente com a realidade e passaram a vender seus ativos, dando início a um efeito cascata, com vários negociantes se recusando a honrarem seus contratos e dando fim à bolha financeira .
Internet
Outro fato bem conhecido é a chamada “bolha ponto com”. Quando a revolução da internet começou a surgir, muitas pessoas passaram a se tornar entusiastas com ela. Nessa época, várias empresas de tecnologia começaram a listar suas ações nas bolsas dos Estados Unidos.
Porém, muitos desses negócios não eram lucrativos e se aproveitavam da euforia em massa com a internet para negociarem com valores extremamente altos.
Quando os investidores notaram que essas empresas jamais conseguiriam obter os lucros esperados, começaram a vender em massa seus ativos, dando fim à bolha e deixando muitos investidores no prejuízo.
Crise financeira de 2008
Uma bolha financeira bem recente foi a crise de 2008 nos Estados Unidos, também conhecida como crise do subprime. Ela ocorreu graças à grande escalada dos financiamentos imobiliários. Na época, muitos americanos passaram a ficar endividados para comprar casas. Não era incomum encontrar americanos com dois ou mais financiamentos.
A crise tomou grandes proporções porque os bancos aglutinavam esses financiamentos e os revendiam no mercado para investidores. Porém, o risco de crédito que era considerado sólido se mostrou, na verdade, muito baixo.
Assim, ocorreu a venda em massa do ativo, fazendo seu preço despencar. Para piorar a situação, quando os bancos foram executar as dívidas, perceberam que os imóveis valiam menos do que se imaginava.
A bolha de 2008 teve um grande impacto na economia americana e influenciou negativamente os negócios em todo o mundo.
Por que o Bitcoin não é uma bolha financeira?
Agora que você já entendeu o que é uma bolha financeira, fica mais fácil entender que o Bitcoin não faz parte dessa realidade, certo? Ainda que os valores da criptomoeda tenham aumentado expressivamente, existem argumentos sólidos que mostram que esse investimento não é uma bolha. Veja abaixo os principais.
Tecnologia Blockchain
O primeiro ponto que nos mostra que o Bitcoin não é uma bolha é, justamente, a presença do Blockchain, uma tecnologia disruptiva que permitiu a descentralização das operações financeiras e que é uma grande inovação tecnológica.
Não há dúvidas de que o Blockchain veio para ficar e existem várias universidades e empresas de renome desenvolvendo novas aplicações para ela. Havendo um grande interesse da comunidade científica nesta tecnologia revolucionária.
Ao contrário de uma bolha financeira, que não têm nenhum fundamento, a tecnologia Blockchain é algo real, concreto e com muito potencial de evolução, além de um grande valor disruptivo.
Oferta limitada e demanda atual pequena
Ao contrário de outras bolhas, o Bitcoin ainda não esgotou seu potencial de demanda do mercado. No caso do Bitcoin, há uma oferta limitada (a regra desde a sua criação estabelece que serão emitidos apenas 21 milhões de Bitcoins) e uma demanda com enorme potencial de crescimento, já que o Bitcoin, hoje, representa apenas uma pequena fração do mercado.
Grandes empresas e universidades têm trabalhado nesse mercado
Grandes empresas de tecnologia, como a IBM e a Microsoft, estão desenvolvendo sistemas descentralizados usando como base o Blockchain e outros sistemas de criptomoedas. O próprio Facebook está criando sua própria criptomoeda, a Libra.
Além disso, importantes universidades, como o MIT e a Harvard, possuem projetos sobre sistemas descentralizados – o que mostra que essa é uma verdadeira disrupção tecnológica e não apenas um modismo, como o caso de uma bolha financeira.
Criptomoedas representam avanço para o mercado financeiro
Embora as criptomoedas, como o Bitcoin, ainda sejam uma fração pequena do mercado financeiro, elas trabalham com tecnologia de ponta, bastante superior ao sistema financeiro atual.
Um exemplo é a preparação para a computação quântica. Vários projetos de criptomoedas já trabalham para serem quantum resistant, ou seja, estão prevendo que a era dos computadores quânticos se tornará uma realidade e que poderão quebrar os sistemas de criptografias atuais, por isso estão estudando soluções práticas.
No futuro, espera-se que os desenvolvedores de criptomoedas prestem consultoria para o sistema financeiro tradicional, fornecendo soluções para a nova era computacional e financeira.
O Bitcoin existe há 12 anos
O Bitcoin não é algo novo e que surgiu ontem. O projeto e a tecnologia já existem desde 2008 e movimentam dinheiro desde 2011. Nesse período, ele já passou por muitos altos e baixos, o que representa certa maturidade – que deverá ficar mais evidente ao longo dos anos.
Conclusão
Neste conteúdo, você aprendeu que a bolha financeira ocorre quando um ativo sem valor intrínseco real passa a ser negociado em efeito manada com valores acima da sua realidade, em geral, por pessoas sem conhecimento de mercado.
Ao longo dos anos, várias bolhas financeiras já ocorreram e, apesar de algumas pessoas especularem, há argumentos sólidos que mostram que o Bitcoin não é uma bolha financeira. Isso porque as criptomoedas contam com um alto potencial, inclusive de transformar o sistema financeiro que temos hoje.
De qualquer forma, investir em qualquer mercado sem conhecimento é um erro. E, se você deseja investir em Bitcoin e outras criptomoedas, o melhor a fazer é estudar bastante o setor, entender como essa tecnologia funciona e quais são as expectativas para o futuro, tirando, assim, suas próprias conclusões.
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