Desde que foi anunciado pela primeira vez em junho de 2019, a empresa baseada em Genebra, a então chamada de Libra Association pretendia que a moeda digital Libra, agora renomeada Diem Dollar ou simplesmente Diem, fosse uma criptomoeda com o seu valor apoiado por uma cesta de títulos e moedas fiduciárias emitidas pelo governo.
A cesta de títulos é a junção de certificados diversificados, disponibilizados por instituições privadas, as quais os negociam visando obter recursos para os seus projetos, enquanto moedas fiduciárias podem ser qualquer título que não é lastreado (garantido) a algum metal. Seu valor advém da confiança que as pessoas têm em quem emitiu o título. Ou seja, a moeda digital estaria assim assegurada por valores teoricamente hipotéticos, além do que alguns dos mencionados certificados são isentos de impostos, o que seria indesejável a um governo.
Além do novo nome, a nova criptomoeda passou por um processo de reinvenção, na tentativa de não apenas se livrar das sanções que lhe seriam impostas pela forma de operação acima descrita, mas principalmente para a sua desassociação das acusações enfrentadas pela empresa de redes sociais Facebook, nos últimos anos.
Após mudar de nome e forma de operação, o que realmente muda para o lançamento do Diem?
Novo perfil para a criptomoeda
A Libra Association, o grupo fundado pelo Facebook e com a presença de 27 participantes, organizados com o intuito de operar uma nova criptomoeda, anunciou no dia 1 de dezembro, que mudou seu nome em uma tentativa de demonstrar independência organizacional.
A proposta de mudança de nome e modo de operação (que segundo o CEO do grupo visa honrar as “sanções ocidentais e os requisitos de divulgação regulatórios”) surge após o anúncio da nova criptomoeda enfrentar uma reação regulatória internacional, baseada na descredibilidade atual da empresa governada por Mark Zuckerberg, que responde à alegações referentes à privacidade e uso indevido de dados.
Juntamente com a preocupação demonstrada por agências reguladoras do mercado financeiro, bancos centrais de todo o mundo sinalizaram o receio de que a moeda poderia atrapalhar a estabilidade financeira, além de dar muito “poder nas mãos de Zuckerberg”, com sua inegável influência sobre os bilhões de usuários de suas redes sociais.
Diante das críticas, o próprio grupo, responsável pela criptomoeda a ser lançada, mudou seu nome para Diem Association, em referência ao novo nome da moeda Diem, o qual significa "dia" em latim. Para o CEO da organização, Stuart Levey, diem (dia) representa então um novo dia na história da empresa.
Ao anunciar a mudança de nome, Levey ressalta o que há de realmente significativo na remodelagem da organização: o objetivo de construir um sistema de pagamento seguro e compatível com as necessidades globais.
Blockchain e Infraestrutura da Diem
Veja abaixo como o projeto Diem fornecerá uma plataforma simples para a inovação, visando conduzir transações instantâneas, de baixo custo e altamente seguras.
Para o lastreamento em um objeto econômico seguro, o grupo então informa que planeja emitir uma stablecoin, que na prática, vem a ser uma moeda digital atrelada a um ativo externo, que seja vinculado ao dólar americano. Assim, o dólar americano, a princípio, seria um instrumento regulador para a nova moeda digital, sendo o valor monetário de 1 Diem igual a 1 dólar americano.
Outro fator, a então Libra Association manifestou o desejo de fazer uso da chamada blockchain sem permissão, isto é, um sistema de registro que permite que qualquer pessoa participe da verificação de transações. A ideia também foi abandonada pela Diem Association.
Com relação ao Blockchain, ainda, a Diem Association renomeou o seu grupo de blockchain anteriormente chamado “Calibra” para Novi, para não associá-lo mais com a palavra Libra.
Como o Diem pode ser usado na prática?
As transações serão realizadas por meio da Novi, a carteira digital (plataforma que permite que um indivíduo faça transações eletrônicas) disponível para o interessado em usar o Diem. A plataforma proporcionará às pessoas que farão uso da criptomoeda a possibilidade de usarem sua moeda local para adquiri-las e também sacá-las, transferindo-as ao seu banco local, sem a necessidade de terem uma conta vinculada ao Facebook.
Uma vez que tanto o WhatsApp quanto o Instagram estão vinculados ao Facebook, mesmo em meio à crise de credibilidade, o potencial da criptomoeda Diem é imensurável.
Se o Diem será uma competição forte para o Bitcoin, isso ainda não pode ser respondido. No entanto, a própria Diem Association analisa que em um mundo onde estima-se que cerca de 1,7 bilhão de pessoas não possuem contas bancárias, e para aquelas que são clientes de instituições financeiras, transações de dinheiro são caras, e as internacionais ainda podem ser demoradas, as criptomoedas, aparentemente, são o futuro da forma como as pessoas lidam com valores monetários.
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