O brasileiro é apaixonado por esportes — em especial pelo futebol. Como tal, está acostumado a lidar com termos que fazem parte do dia a dia dos clubes que admira ou onde pratica seu esporte favorito.
Expressões como “direitos econômicos”, “contratos de patrocínio” e “grupos de investidores” aparecem com frequência nas notícias esportivas.
Agora, estamos vivendo um momento de transformação na relação entre clubes e torcedores. Em parte, isso se deve aos RWA (“Real World Assets” ou “Ativos do mundo real”), que estão criando novas formas de investimento, participação e financiamento no esporte.
O que são RWA e por que eles importam no esporte?
RWA são representações digitais de ativos tangíveis. Podem ser commodities, imóveis ou ativos financeiros que passam a existir na blockchain por meio de tokens.
No contexto esportivo, os RWA incluem ativos físicos ou financeiros relacionados ao esporte: frações de propriedade de clubes, contratos de atletas ou direitos comerciais sobre arenas esportivas, entre outros.
É importante lembrar que, em muitos países — inclusive no Brasil — clubes tradicionais são associações sem fins lucrativos, onde não existe propriedade privada formal. Por isso, vários modelos de tokenização ainda são teóricos ou experimentais.
Mesmo assim, há exemplos conhecidos no mundo onde a propriedade privada existe, como na Premier League, na Inglaterra. Em cenários assim, um proprietário poderia tokenizar parte de suas ações e vendê-las ao público, abrindo novas formas de participação para os torcedores.
Naturalmente, ligas como a Premier League possuem regras rigorosas de governança e transferência de ações para evitar conflitos de interesse e garantir transparência.
Como os clubes usam RWA para se conectar com seus torcedores
Para os clubes, os RWA representam novas fontes de receita e oportunidades de captação. Em esportes que permitem, uma instituição poderia tokenizar parte dos direitos econômicos de um atleta e compartilhá-los com os torcedores.
Outra possibilidade seria tokenizar projetos de reforma de estádios. Os torcedores poderiam participar do financiamento e, em troca, receber benefícios ligados à arena — até mesmo uma cadeira específica no estádio.
Atletas também podem tokenizar seus direitos de imagem, como espaços em carros de corrida ou equipamentos esportivos, para ampliar o acesso de investidores.
Exemplos e tendências do futuro do fan engagement
Nos últimos anos, os fan tokens se tornaram populares. São tokens oficiais de clubes que oferecem vantagens como acesso a experiências exclusivas e votações em temas do clube — por exemplo, detalhes de um novo uniforme.
Mas os RWA vão além disso. Na Argentina, por exemplo, começou-se a tokenizar direitos formativos de jogadores, isto é, a porcentagem que o clube formador recebe quando o atleta é vendido.
A tokenização não envolve o “direito de propriedade” sobre o atleta, mas sim a participação econômica futura prevista pela FIFA. Esses tokens, emitidos na blockchain da Polygon, permitem que qualquer pessoa compre pequenas frações desses direitos.
Em outros países, já existem plataformas que oferecem tokens lastreados em contratos de jogadores. No México, uma iniciativa experimental permite que torcedores comprem partes dos fluxos financeiros de um contrato enquanto ele estiver ativo.
Mas ainda há dúvidas legais importantes: o que acontece com os tokens se um atleta se machuca ou rescinde contrato?
RWA e esporte: a regulamentação ainda está em construção
Apesar do crescimento das propostas envolvendo RWA no esporte, a maioria ainda está em fase experimental. Clubes, ligas e federações estão testando modelos e avaliando quais ativos podem ser tokenizados sem gerar conflitos jurídicos ou regulatórios.
Isso não diminui a relevância da tendência. Pelo contrário: indica que a indústria esportiva está buscando formas mais modernas, transparentes e acessíveis de gerar receita e fortalecer o vínculo com torcedores e sócios.
A tokenização de ativos reais pode democratizar oportunidades antes restritas a grandes investidores. Mas a adoção em larga escala dependerá da evolução das legislações nacionais e das regras específicas de cada entidade esportiva.
O conteúdo deste artigo tem apenas fins informativos e/ou educacionais. Não constitui aconselhamento financeiro, legal, fiscal ou de investimento, e não deve ser interpretado como uma recomendação para tomar qualquer ação específica.
Antes de tomar decisões financeiras, de investimento ou comerciais, é recomendável consultar um assessor ou profissional qualificado na área correspondente.Os ativos digitais podem apresentar alta volatilidade em suas cotações. A Ripio não oferece garantias ou representa a viabilidade ou adequação desses ativos como uma opção de investimento.





