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ReFi: finanças regenerativas

ReFi: finanças regenerativas

O ecossistema de finanças regenerativas busca mudar os modelos produtivo e econômico para torná-los mais sustentáveis por meio de ferramentas e incentivos cripto.

Luis Paz
Content Analyst
6/4/23

O que é ReFi? 

A explicação mais simples que costuma ser dada sobre o ecossistema ReFi (Finanças Regenerativas) é que ele "é como DeFi, mas com consciência ecológica"

O comentário vem do fato de ReFi ser um conjunto em expansão de ferramentas, produtos, serviços e comunidades que buscam gerar valor, mas não a qualquer custo e com certa consciência ambiental e de sustentabilidade

Blockchain e finanças regenerativas

As blockchain são redes com registros descentralizados que não dependem da confiança em uma pessoa ou instituição para validar suas transações, já que a sua própria tecnologia cuida disso, com protocolos transparentes e públicos. 

Essas características são muito importantes para o movimento ReFi, pois dão a possibilidade de gerar sistemas de financiamento público ou registros que medem o comportamento ecológico das empresas.

Além disso, as tecnologias de tokenização e validação de blockchain, os mecanismos de consenso e as ferramentas DeFi permitem desenvolver e implementar incentivos para a comunidade, podendo eles ser econômicos, como prêmios, descontos, isenções ou sistemas de crédito.

Também existem blockchains que trabalham com essa filosofia, como a Polygon, uma das principais redes da Web3, que é neutra em carbono desde 2022 e também é a rede na qual operam mercados de crédito de carbono (como o Senken) e agrupa comunidades como o KlimaDAO. Esses e outros projetos baseados na Polygon, bem como outros semelhantes construídos na Ethereum, são muito fáceis de acessar usando Ripio Portal, a carteira Web3 da Ripio

O modelo de finanças regenerativas 

A ideia principal de ReFi é usar o dinheiro de forma comunitária, graças às finanças descentralizadas, para gerar valor coletivo que melhore a qualidade de vida de toda a comunidade ou de seus setores carentes. Este valor não é necessariamente monetário, uma vez que as finanças regenerativas tem uma visão geral dos processos econômico, social, cultural e ambiental. 

A intenção é gerar uma cultura e um sistema econômico onde empresas, fundos, indústrias, indivíduos e grupos concentrem os seus esforços nas decisões de negócios, investimentos ou desenvolvimentos que tenham um impacto positivo no meio ambiente e no bem comum

Se não bastasse a necessidade de sobrevivência, os projetos ReFi também são responsáveis por gerar e sistematizar incentivos (inclusive, econômicos), como o retorno por aporte de recursos em um projeto ou a entrega de um token que aumente seu preço no futuro conforme mais empresas adotam uma tecnologia em desenvolvimento. 

Uma crítica ao sistema atual

O ecossistema ReFi propõe uma alternativa ao atual modelo de bens e serviços, que visa a acumulação de dinheiro e riqueza à custa de outras espécies, do meio ambiente e de determinados setores sociais. Assim, a ReFi se compromete que o capital seja utilizado para criar sistemas socialmente equitativos e ambientalmente sustentáveis, com base na ideia de que para mudar a atual crise climática é essencial ajudar o sistema econômico e produtivo em que nos inserimos

Por exemplo, um dos fatos mais preocupantes de nossos tempos é que a cada ano o tempo que leva para chegar o Earth Overshoot Day ("dia da sobrecarga da Terra", em português) é menor. Essa medida indica a época do ano que se atinge o limiar da humanidade já ter consumido todos os recursos que vão ser regenerados ao longo do mesmo ano. 

Para se ter uma ideia, ao final de julho de 2022 já havia sido consumido um montante de recursos comparável ao que seria gerado ao longo desse mesmo ano. Isso significa que em 2022 consumimos cinco meses de recursos que não foram gerados. Em apenas um ano, já estamos cinco meses atrasados. Portanto, primeiro, o ecossistema ReFi procura desacelerar esse processo para, depois, revertê-lo. 

Histórico das finanças regenerativas 

Em 1968, o ambientalista norte-americano Garret Hardin desenvolveu a ideia de uma "tragédia dos bens comuns" em referência a como o ritmo de desenvolvimento e crescimento das populações levava ao consumo excessivo de bens como água e ar, que são considerados de uso público no sentido de que ninguém pode proibir o outro de respirar ar ou beber água. O paradoxo estava em ver como promover o desenvolvimento social e pessoal, assim como o crescimento das comunidades, sem acabar destruindo o meio ambiente. 

Em 2015, o economista John Fullerton cunhou a categoria "Capitalismo Regenerativo" em um documento que colocava oito condições para o surgimento de uma nova economia consciente da possível extinção de espécies, fontes de alimento e lugares habitáveis. Esta "Economia Regenerativa" deveria alterar a estratégia de extração e exploração de recursos do sistema econômico tradicional e substituí-la pelo desenvolvimento de um ecossistema financeiro capaz de melhor responder às necessidades dos envolvidos sem afetar o ambiente ou desfavorecer determinados grupos sociais. 

Em 2023,o atual conceito de ReFi pega as ideias de Hardin e Fullerton e as cruza com as possibilidades oferecidas pelo DeFi, um ecossistema onde qualquer pessoa tem acesso a instrumentos financeiros e pode se tornar um investidor ou financiador de projetos de seu interesse. 

Assim como no caso do movimento DeSci (ciência descentralizada), em que as ferramentas cripto são usadas para tornar a saúde mais acessível e a ciência mais transparente, o ReFi busca usar projetos cripto para melhorar a qualidade de vida de de grupos ou espécies hoje e preservar o meio ambiente e os recursos que serão necessários no futuro.  

👉Você pode conferir mais sobre o ecossistema ReFi e seus projetos neste vídeo