Se você veio do mercado de finanças tradicional e caiu no universo cripto, provavelmente já ouviu falar do termo Real Yield (rendimento real), que no mercado tradicional significa o valor recebido de um investimento descontando impostos e inflação, sendo, portanto, o retorno real do investimento realizado.
Nos últimos tempos, o Real Yield tem ganhado tração nas finanças descentralizadas (DeFi). Nesse novo contexto, ele tem um significado um pouco diferente, mas não incomum. Na indústria cripto, o termo tem sido utilizado para se referir, de modo geral, a uma porcentagem da receita arrecadada por um protocolo DeFi que é distribuída aos detentores do seu token de governança. O seu método de distribuição e as suas regras variam conforme o protocolo e os tokenomics (economia do token) do projeto.
O Real Yield é chamado de rendimento real porque a receita é distribuída em um token dominante — como, por exemplo, Ether (ETH) ou USDC —, o que contrasta com o modelo de incentivos conhecido como DeFi 2.0, onde os rendimentos vinham em troca de um token do próprio protocolo. Dessa maneira, era possível oferecer retornos extremamente altos, mas isso só era possível através da emissão de novos tokens, o que acabava por inflacionar a economia do projeto e reduzir o seu valor.
Em outras palavras, no DeFi 2.0, os retornos poderiam até serem altos, mas não eram sustentáveis — inclusive, vários projetos implodiram por esse motivo. Porém, no modelo de incentivo de Real Yield, as distribuições dos rendimentos do protocolo são, de fato, reais e isso ocorre por dois motivos:
- O rendimento provém das taxas que o protocolo recebe das transações e não é baseado na inflação de um token nativo do protocolo;
- Os incentivos são feitos por meios de criptomoedas como ETH e USDC.
Talvez, isso até soe semelhante ao mecanismo de dividendos, afinal, a distribuição de rendimentos para os holders de um token do projeto não é uma prática tão diferente assim do que ocorre nas finanças tradicionais. Aliás, os protocolos que têm usado ou tem interesse em usar o Real Yield podem entrar na mira dos reguladores justamente por esse motivo. Portanto, vale ficar de olho em como os reguladores percebem esse modelo de incentivo em DeFi.
Para ficar de olho
Se você quer conhecer alguns protocolos que já utilizam ou pretendem utilizar o Real Yield, apresento três que estão focando nesse novo modelo de incentivo de maneira mais promissora:
GMX
A GMX é uma exchange descentralizada (DEX) com foco em derivativos, sendo o maior protocolo na blockchain Arbitrum. Para fazer parte dos rendimentos é necessário fazer o staking do token GMX para receber 30% de todas as receitas geradas pela plataforma.
dYdX
A dYdX é uma DEX que possui uma ampla variedade de ativos e foco na experiência de trader. Atualmente, é a maior plataforma descentralizada de negociação de derivativos e está entre os top 3 protocolos quando o assunto é receita. Até o momento, essa exchange não paga aos detentores de seu token, mas ela tem planos para fazer isso ainda em 2022.
SNX
A Synthetix é um dos protocolos descentralizados mais antigos no universo DeFi, sendo conhecido como um dos protocolos OGs. Por meio dele é possível negociar sintéticos de ouro, prata, petróleo e ações da Bolsa de Valores. Para receber o rendimento do protocolo é necessário fazer o staking de SNX para receber parte das taxas geradas nas transações.
Conclusão
O Real Yield é baseado em um modelo de incentivos que não tem nada de novo, mas a sua aplicação no universo DeFi é uma novidade. Vale lembrar que, apesar de ser um modelo promissor, ele não está isento de riscos, portanto, faça muito bem a sua própria pesquisa.
Os protocolos que estão usando o Real Yield têm notado um significativo aumento na sua base de usuários, possivelmente, tanto por causa dos seus retornos como também pela possibilidade do rendimento real ser um modelo mais sustentável a longo prazo. Vale acompanhar esses projetos e os próximos passos dessa nova etapa das finanças descentralizadas.