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O que são os blue chips em cripto?

O que são os blue chips em cripto?

Saiba o que são as criptomoedas blue chip, por que Bitcoin e Ethereum ocupam essa categoria e quais características as diferenciam das demais.

Fernando Clementin
Jornalista e tradutor.
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13/9/25

O que significa “blue chip” e de onde vem o termo?

O termo “blue chip” vem do inglês e significa “ficha azul”. É uma palavra usada no cassino e no pôquer para denominar as fichas de maior valor. Acredita-se que um funcionário da Dow Jones, chamado Oliver Gingold, foi o primeiro a levá-la ao campo das finanças na década de 1920. Ele a usava, claro, para se referir às ações de preço mais elevado.

Blue chips no mundo financeiro tradicional

Nas finanças tradicionais, as empresas “blue chip” são aquelas que têm maior reputação, prestígio e capitalização. São companhias com anos de trajetória e um comportamento majoritariamente de alta no mercado de ações ao longo de sua história.

O termo “blue chip” nasce, como se pode deduzir, da crença de que ter ações ou participação nessas empresas era como possuir “fichas azuis” de alto valor.

As empresas que podem ser chamadas de “blue chip” estão associadas a um risco relativamente baixo e menor volatilidade em comparação com ações de empresas de menor porte. Além disso, gozam de boa liquidez e tendem a preservar melhor seu valor durante mercados de baixa, quando outros ativos sofrem.

Isso não quer dizer que as ações dessas empresas nunca se desvalorizem. Claro que essa é uma possibilidade, mas geralmente apresentam uma recuperação melhor.

Exemplos de “blue chips” atualmente? Microsoft, Google, Amazon, Apple, Coca-Cola e Meta são algumas que podemos incluir nessa categoria.

Como o termo se adapta ao ecossistema cripto

Como muitos outros conceitos do mundo das finanças, “blue chip” começou a ser usado para falar das criptomoedas mais importantes do mercado em termos de capitalização e estabilidade.

Embora o termo tenha sido extrapolado tal qual, existe uma diferença essencial. Diferente das blue chips do mercado financeiro tradicional, as criptomoedas apresentam níveis de volatilidade muito mais altos, já que o mercado cripto como um todo é mais jovem e menos estável que o bursátil.

O que são os blue chips em criptomoedas?

As criptomoedas comumente chamadas de “blue chips” são Bitcoin e Ethereum. Essas duas são as rainhas indiscutíveis do mercado, embora alguns incluam outras criptomoedas do Top 10, como Cardano ou Ripple.

O que as diferencia de outras criptos?

A primeira coisa que diferencia Bitcoin e Ethereum de outras criptomoedas é sua reputação.
Tecnicamente, são consideradas as opções mais revolucionárias e confiáveis, cada uma em suas funções específicas.

Como atraem mais usuários, incluindo pessoas e instituições, têm uma maior capitalização de mercado. Assim, conseguem mais liquidez e maior resistência às vicissitudes do mercado. Podem cair, como todas, mas historicamente se recuperaram mais rápido.

Por isso, Bitcoin e Ethereum são consideradas opções “mais seguras” que outras criptomoedas, no sentido de que representam menos riscos econômicos para seus detentores.

Isso não quer dizer, como no caso das empresas, que não possam ocorrer perdas. De fato, entre 2021 e 2022 o Bitcoin teve uma queda de 75% e o Ethereum sofreu baixas semelhantes em mercados de baixa como o citado. As demais criptomoedas costumam seguir o rumo marcado pelas blue chips.

Características das criptomoedas blue chip

Se tivéssemos que destacar 5 características das criptomoedas blue chip, poderiam ser:

  • Alta capitalização de mercado.
  • Alta liquidez.
  • Menor volatilidade que as demais criptos.
  • Trajetória sólida ao longo do tempo, com capacidade comprovada de enfrentar mercados de baixa e voltar a crescer.
  • Ampla adoção, tanto por usuários individuais quanto por empresas e instituições.

Capitalização de mercado

A capitalização de mercado é calculada multiplicando o fornecimento circulante de uma criptomoeda pelo seu valor. O “market cap” do Bitcoin supera os US$ 2,44 trilhões, enquanto o do Ethereum está em US$ 575,599 bilhões em agosto de 2025.

Como a capitalização de um criptoativo aumenta? Através da demanda, gerada por pessoas que desejam adquirir a criptomoeda em questão e fazem seu preço subir.

Ter um “market cap” alto implica maior liquidez; ou seja, o ativo poderá ser trocado mais facilmente por outros bens. Além disso, reduz a volatilidade, porque uma compra ou venda de valores elevados não gera um impacto massivo no mercado.

História e adoção

Não é por acaso que Bitcoin e Ethereum, duas criptomoedas pioneiras em seu setor, sejam as “blue chips” do mercado.
A reputação que construíram ao longo dos anos gera confiança e adoção, que recentemente chegou às maiores empresas e instituições financeiras do mundo comprando esses ativos para tê-los em seus tesouros.

Além disso, o uso real também aumentou. O Bitcoin já é uma opção estabelecida para pagamentos internacionais e até se tornou moeda de curso legal em El Salvador. O Ethereum, por sua vez, é uma rede onde se desenvolvem milhares de protocolos de finanças descentralizadas e contratos inteligentes.

Segurança e liquidez

Para que a adoção institucional de Bitcoin e Ethereum que vemos hoje fosse possível, ambos os criptoativos tiveram que demonstrar sua segurança e liquidez ao longo dos anos.

Assim, passaram de ser considerados ativos “de alto risco” a serem negociados como fundos negociados em bolsa (ETF) nos principais mercados dos Estados Unidos. Gestores de ativos como BlackRock, Fidelity e Grayscale oferecem fundos em Bitcoin a seus clientes.

Exemplos de criptomoedas blue chip

Bitcoin

O Bitcoin nasceu em 2009 como uma nova forma de dinheiro digital, descentralizado e resistente à censura. Seu princípio de escassez programada, com um estoque limitado de 21 milhões de BTC e uma emissão que se reduz progressivamente, o posicionou ao longo do tempo como um grande refúgio de valor anti-inflacionário.

A criptomoeda pioneira tem bem merecido o título de “blue chip”. É, de longe, a de maior capitalização de mercado e, em agosto de 2025, quadruplica o market cap de sua seguidora imediata, o Ethereum.

Além disso, o Bitcoin construiu uma reputação sólida graças a um funcionamento técnico quase perfeito e por ter sobrevivido a grandes quedas mundiais do mercado, como ocorreu em 2020. Um ano depois, em novembro de 2021, alcançava um novo recorde histórico em seu preço.

Ethereum

Nascido em 2015, o Ether surge como a criptomoeda que alimenta as transações de uma rede (Ethereum) focada em aplicações descentralizadas. Essas “dApps” favorecem o desenvolvimento de aplicativos que não precisam de um servidor único para o registro de dados nem de um intermediário para aprovar contas e transações.

Mesmo com mudanças técnicas importantes no caminho, como a transição da mineração para o Proof of Stake, o ecossistema de aplicativos do Ethereum acumula um valor total bloqueado (Total Value Locked ou TVL) de US$ 97 bilhões. Cabe ressaltar que o TVL não é sinônimo de capitalização, já que esta última abarca todo o valor da rede.

Tudo isso confere à criptomoeda os requisitos de uma “blue chip”: liquidez, reputação, confiança e estabilidade.

Existem outras criptos que podem ser consideradas blue chip?

Além das mencionadas, outras criptomoedas permanecem há anos no topo do ranking do mercado, sobreviveram a ciclos de baixa e reúnem uma comunidade grande e ativa.

  • Ripple: rede focada em transações entre instituições, como bancos. Uma de suas principais demonstrações de resiliência foi ter superado um litígio contra a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos Estados Unidos, por suposta comercialização ilegal de sua criptomoeda em exchanges.
  • Solana: nos últimos anos ganhou força em finanças descentralizadas e chegou a uma capitalização de US$ 108 bilhões. No entanto, os múltiplos problemas técnicos que enfrentou fazem muitos questionarem sua estabilidade e escalabilidade.
  • Cardano: com uma equipe de desenvolvedores renomados (um deles, Charles Hoskinson, é cofundador do Ethereum) e vários anos no topo do mercado. Apesar disso, ainda não conseguiu a adoção que busca com sua blockchain “sustentável” e com foco acadêmico.

Bitcoin e Ethereum estão longe de serem retiradas de seu lugar como “blue chips”. São, pelo menos até o momento, as blockchains mais valiosas e renomadas do mundo, e o mercado assim as considera e sustenta.

O conteúdo deste artigo tem apenas fins informativos e/ou educacionais. Não constitui aconselhamento financeiro, legal, fiscal ou de investimento, e não deve ser interpretado como uma recomendação para tomar qualquer ação específica.

Antes de tomar decisões financeiras, de investimento ou comerciais, é recomendável consultar um assessor ou profissional qualificado na área correspondente.Os ativos digitais podem apresentar alta volatilidade em suas cotações. A Ripio não oferece garantias ou representa a viabilidade ou adequação desses ativos como uma opção de investimento.