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O que é Plasma, a nova blockchain da Tether

O que é Plasma, a nova blockchain da Tether

O que é a Plasma, por que a Tether a lançou e como ela se integra ao USDT: pagamentos rápidos, taxas baixas e foco regulatório. Leia o guia e saiba ma

Fernando Clementin
Jornalista e tradutor.
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19/11/25

Você já ouviu falar dos “criptodólares”? É o termo informal usado para falar das “stablecoins”, que são criptomoedas cujo valor de mercado está atrelado ao preço de outro ativo, como o dólar americano, o ouro ou um “commodity”. Nesse segmento, a USDT é a grande líder do mercado, com 60% de dominância no fechamento desta nota. A criptomoeda, terceira em capitalização de mercado entre todas as existentes, é emitida pela empresa Tether, que em 2025 lançou sua própria blockchain, chamada Plasma.

Por que a Tether decidiu lançar a Plasma

A Tether emite seus USDT em muitas redes de criptomoedas. Isso inclui várias das mais reconhecidas, como Ethereum, Tron, Solana, Polygon, BNB Chain, Avalanche e outras. A elas se somará a Plasma. A seguir, é possível ver a distribuição dos USDT entre as redes:

55% dos USDT foram emitidos em contratos inteligentes da Ethereum. Fonte: defillama.

Mas agora, o cenário muda um pouco. Plasma permitirá à Tether “jogar com regras próprias”. Isso significa que tudo relacionado com as transações nessa rede será feito de acordo com o que a empresa estipular. Isso se aplica ao congelamento de fundos ou ao monitoramento de contas suspeitas, um aspecto cada vez mais importante para o cumprimento regulatório em muitos países.

Em resumo, a Tether não precisará mais coordenar com desenvolvedores, validadores ou nós da Ethereum nem de nenhuma outra rede diante desse tipo de situação. Trata-se de um detalhe nada menor, que certamente será fundamental para se adaptar às futuras regulamentações ao redor do mundo.

De fato, sob a lei “Mica” (Regulação do Mercado de Criptoativos) implementada na Europa em 2025, a Tether foi obrigada a limitar suas operações no mercado europeu, pelo menos momentaneamente. Isso porque ainda não cumpre os requisitos de gestão de reservas e transparência exigidos pela nova legislação da União Europeia.

As principais características e vantagens da Plasma

A Plasma é uma rede projetada especificamente para transações com stablecoins. Isso quer dizer que será focada em pagamentos rápidos e com taxas baixas, ou até mesmo sem taxas. Dessa forma, favorece-se seu uso no cotidiano, inclusive para pagamentos no varejo.

Além disso, seus desenvolvedores destacam o respaldo institucional da rede. Isso nada mais é do que o apoio da Tether, a empresa que controla e regula a emissão de USDT há uma década.

Outro objetivo da Plasma é permitir e facilitar o desenvolvimento de aplicações de pagamento em seu ecossistema. Isso implica criar uma alternativa à Ethereum, que atualmente é a rede líder para a criação de aplicações descentralizadas.

Do ponto de vista técnico, a Plasma é uma rede de camada 1. Isso quer dizer que não tem relação direta com outras redes (por exemplo, Arbitrum e Optimism são segundas camadas da Ethereum), mas possui seu próprio registro contábil em uma cadeia de blocos.

Como a Plasma se integra com USDT e outras stablecoins

No momento em que este artigo foi escrito, existem 1,25 bilhão de USDT emitidos na Plasma (0,5% do total de oferta). Nas demais redes, o valor chega a 300 bilhões de USDT.

Como esse fornecimento existente vai se relacionar com os USDT já criados ou os que forem criados na Plasma? Nesse sentido, funcionará como mais uma blockchain do ecossistema, que requer pontes (“bridges”) para enviar ou receber ativos para ou de outras redes.

Qual impacto a Plasma pode ter no ecossistema cripto?

Embora seja muito importante que uma empresa como a Tether concretize o desenvolvimento de sua própria blockchain e fomente a criação de novas aplicações nela, a realidade é que seu impacto no ecossistema cripto provavelmente será moderado no início.

O principal motivo é que já existem blockchains que oferecem o que a Plasma oferece: a troca rápida e barata de criptomoedas (sejam stablecoins ou não).

Como dissemos, para o desenvolvimento de aplicações, a Ethereum e suas redes compatíveis (Polygon, Arbitrum, Solana e outras) já são uma opção mais do que válida, com o adicional de serem redes mais descentralizadas. Os nós validadores estão distribuídos e não dependem de uma única entidade ou organização.

Por outro lado, os nós da Plasma são controlados por uma entidade central, que é a própria empresa. Isso não é por acaso: as legislações na Europa e nos Estados Unidos parecem apontar para que as stablecoins existam em um ambiente mais controlado e centralizado do que as redes blockchain descentralizadas.

Agora, a Plasma terá a seu favor o respaldo de uma empresa como a Tether, com anos de experiência comprovada no campo e com o apoio regulatório de pesos pesados como os Estados Unidos. De fato, Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, afirmou que seu país vai manter o dólar como “a moeda de reserva dominante no mundo” e disse que vão “usar moedas estáveis para isso”.

Se falamos da incursão das stablecoins no mundo digital, sem dúvida a Tether é protagonista.

Por enquanto, uma alternativa a mais para as stablecoins

Em síntese, estamos diante de um lançamento importante, mas não disruptivo. A Plasma é uma novidade com peso próprio pelos antecedentes da empresa que a respalda, mas deverá conquistar seu espaço entre blockchains com anos de vantagem.

Será interessante ver os benefícios que a rede promete oferecer para atrair usuários. Por exemplo, foi anunciado o lançamento de um “neobanco” sob o nome Plasma One, voltado para países emergentes onde a demanda por dólares digitais é alta, com cartões físicos/virtuais, rendimentos em USDT, cashback e mais serviços.

No fim das contas, a concorrência eleva os padrões de qualquer setor, e uma blockchain com tanto respaldo institucional público e privado realmente pode chamar atenção nos próximos anos.

O conteúdo deste artigo tem apenas fins informativos e/ou educacionais. Não constitui aconselhamento financeiro, legal, fiscal ou de investimento, e não deve ser interpretado como uma recomendação para tomar qualquer ação específica.

Antes de tomar decisões financeiras, de investimento ou comerciais, é recomendável consultar um assessor ou profissional qualificado na área correspondente.Os ativos digitais podem apresentar alta volatilidade em suas cotações. A Ripio não oferece garantias ou representa a viabilidade ou adequação desses ativos como uma opção de investimento.