Existe lastro de Bitcoin? Entenda mais sobre
O Bitcoin (BTC) é uma criptomoeda criada com o intuito de revolucionar o setor financeiro e também tecnológico.
Quando o assunto é segurança e a ausência de intermediação de órgãos monetários ou bancos, a questão sempre passa pelo lastro do BTC. Mas e você, já ouviu falar disso? Vamos entender essas e outras questões em detalhes no conteúdo a seguir!
O que é lastro?
O lastro nada mais é do que uma garantia que dá valor a uma moeda. Antigamente, as moedas usavam como lastro o que chamamos de “padrão ouro”. Ou seja, elas eram lastreadas em ouro: para cada cédula impressa, o governo deveria ter uma reserva de ouro proporcional. Quanto mais reservas o país tem de sua moeda, mais o ativo se fortalece.
Hoje, os países utilizam o sistema fiduciário: o valor da moeda está relacionado às garantias que o governo oferece, que são capazes de dar estabilidade ao dinheiro. Por isso, as moedas correntes dos países não são lastreadas, mas têm a sua garantia atrelada à estabilidade e à força de cada governo, sendo a dívida pública um dos principais parâmetros para a emissão de novas moedas.
O lastro pode ser usado em qualquer transação que não haja exigência de uma garantia, com dinheiro, investimentos, máquinas, veículos, entre outros. Muitas operações têm algum tipo de lastro, como os investimentos.
Exemplos de lastros no mercado financeiro
Quando você compra um CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), por exemplo, está comprando um papel com valor atrelado a uma operação imobiliária. Uma das exigências dos CRIs é ter algum bem como garantia no caso de inadimplência dos emissores do título – e essa garantia pode ser compreendida como uma forma de lastro.
O mesmo ocorre com as ações negociadas na Bolsa. Quando você compra uma ação, torna-se uma espécie de sócio da empresa – se ela falir, sua ação se desvaloriza. Vários investimentos funcionam dessa maneira e ajudam a dar uma certa segurança aos investidores.
Qual a função do lastro nos investimentos?
A principal função do lastro ao longo da história era restringir que governantes e banqueiros realizassem práticas imprudentes, como emitir muito mais dinheiro do que deveriam. Assim, quando havia o padrão-ouro, não era possível emitir mais moeda do que o equivalente em ouro em custódia.
Dessa maneira, a população estaria “protegida” de que o seu dinheiro não perderia valor devido às decisões cunhadas em interesses pessoais ou de terceiros. Ao passar do tempo, com o Estado intervindo cada vez mais na economia e os bancos centrais emitindo o seu próprio dinheiro, o padrão-ouro começou a perder valor e serventia.
Os governos acabaram abandonando o lastro monetário. O único lastro restante das moedas tradicionais passou a ser a confiança da população na administração do governo e nas leis de curso forçado.
Mas afinal, o lastro do Bitcoin existe?
O Bitcoin é uma criptomoeda não lastreada, o que significa dizer que o seu valor não está atrelado a uma reserva financeira ou a um bem físico. O seu valor decorre, principalmente, das oscilações da economia e da lei da oferta e da procura.
Ao contrário das moedas tradicionais, o BTC tem uma quantidade finita que pode ser minerada, e quando a moeda atingir esse limite, não será possível minerar novas unidades. Assim, quanto mais escassa ela se torna, mais valiosa é.
Somada às variações da economia e a lei da oferta e da procura ajuda a subir ou baixar o preço do Bitcoin — o que dá um certo controle à moeda, impedindo, por exemplo, uma hiperinflação.
O Bitcoin não precisa de lastro
O fator “deslastreador” faz parte da filosofia por trás da criação dessa criptomoeda, afinal, ela é um ativo descentralizado de forma proposital.
Como uma das principais funções do lastro é garantir a escassez da oferta de determinada moeda, o BTC não tem a necessidade do lastro, pois essa escassez é garantida pelo seu código-fonte e pela tecnologia da blockchain, que impede que ocorra a mineração de mais de 21 milhões de unidades da moeda.
Criptomoedas lastreadas: quais são e como funcionam?
Embora o Bitcoin tenha sido a primeira criptomoeda criada, ela não é a única, pois hoje existe uma grande variedade de opções disponíveis no mercado. Entre elas estão as stablecoins, as criptomoedas que são lastreadas em moedas fortes, como o dólar, ou ainda com lastros em metais (ouro e prata), commodities (como o petróleo), além de tokens.
O lastro das stablecoins garante que para cada criptomoeda emitida exista uma quantidade igual de dólares, metais preciosos ou commodities guardados em custódia em um cofre, ou conta bancária.
Essas "moedas estáveis" surgiram com a finalidade de reduzir a volatilidade do preço das criptomoedas. Quando a stablecoin está ligada a uma moeda fiduciária, como o dólar, o seu valor está atrelado a ela.Assim, se o dólar subir de valor, a stablecoin se valoriza. Por outro lado, se o dólar cair, a stablecoin terá queda no seu valor. Algumas são pareadas em um para um, com o valor da criptomoeda sempre igual ao da moeda fiduciária que a lastreia.
Alguns exemplos de criptomoedas lastreadas são:
- Tether (USDT);
- USDCoin (USDC);
- TrueUSD (TUSD);
- Dólar de Gemini (GUSD);
- Paxos (USDP);
- Dai (DAI).
Conclusão
Apesar de o BTC não ser uma criptomoeda lastreada, ele possui seus padrões de segurança preestabelecidos no projeto. Além disso, não é uma bolha, como muitos defendem. Afinal, como já dito, o seu valor e segurança estão atrelados à criptografia da blockchain e à escassez intrínseca da moeda.
Lembre-se de que mesmo as moedas lastreadas não oferecem uma garantia 100% aos usuários e investidores. Em termos de moedas tradicionais, é impossível garantir a confiabilidade e estabilidade dos governos sobre esses ativos, e sempre existe o risco da inflação desvalorizar a moeda.
Dessa forma, todos os tipos de investimentos e moedas têm seus riscos associados. O importante é conhecê-los e entendê-los muito bem, escolhendo aquele que seja mais adequado ao seu perfil de investidor e objetivos.
Contudo, a falta de lastro não configura um risco à criptomoeda, sendo apenas uma característica desse tipo de ativos, pois possui seus próprios sistemas de segurança.