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Transferências internacionais: do sistema SWIFT às criptomoedas

Transferências internacionais: do sistema SWIFT às criptomoedas

O método utilizado pelos bancos em mais de 200 países é um sistema centralizado, discricionário (porque depende da decisão de uma autoridade) e vulnerável. Nos últimos anos, as criptomoedas estão crescendo como alternativa.

25/4/22

Provavelmente você já deve ter ouvido falar de SWIFT: um sistema de comunicação internacional padronizado que mais de 11.000 instituições financeiras em 200 países usam para ver as transferências que são processadas em seus sistemas.

SWIFT significa Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication, ou seja, sociedade para a telecomunicação financeira interbancária mundial, uma organização e rede fundada em 1973

Cuidado para não se confundir, pois o SWIFT não é o sistema que faz as transferências ou administra os fundos - isso é responsabilidade das instituições financeiras. SWIFT é o nome de um sistema de comunicação digital que possui um formato de mensagem unificado com o qual os bancos recebem notificações quando têm movimentações, tanto locais quanto internacionais.

Como funciona o SWIFT

Quando você transfere um valor ou paga alguma conta no débito automático, está usando o SWIFT sem saber. Sendo mais específico, seu banco usa o SWIFT para registrar essa transação e notificar o banco receptor dos detalhes da transferência, como o valor ou o número da conta do destinatário.

Para realizar o processo de forma eficiente, o sistema SWIFT possui um formato de mensagem padronizado, que contém informações sobre a identidade da pessoa que efetuou o pagamento, o beneficiário, os números da conta correspondentes e seu próprio código identificador, BIC, que é uma série alfanumérica atribuída a cada instituição de crédito registada na SWIFT.

Atualmente, estima-se que o SWIFT processe cerca de 42 milhões de mensagens por dia. 

Breve história do sistema SWIFT 

Esse modelo existe desde 1973, quando um acordo entre 239 bancos de 15 países desenvolveu uma organização, sediada na Bélgica, para administrar um conselho administrativo de 25 membros.

Formalmente falando, o SWIFT é uma propriedade cooperativa dos bancos e sua sede é registrada pela legislação da União Europeia. Seu funcionamento é monitorado pelo Banco Central Europeu e pelos bancos centrais dos países que compõem o G10.

Por mais que a organização insistentemente esclareça que "a SWIFT é uma cooperativa global e neutra, criada e operada para o benefício coletivo da sua comunidade", ao longo dos seus quase 50 anos de história, essa neutralidade do SWIFT sofreu vários retrocessos

Por exemplo, em 2021 os bancos iranianos foram excluídos do sistema após uma sanção dos EUA e da UE ao programa nuclear do Irã. Como resultado dessa medida, perdeu quase metade de suas receitas de exportação de petróleo e 30% de seu volume de comércio exterior.

Com a atual invasão na Ucrânia, a Rússia também foi excluída do sistema, impossibilitando que as instituições financeiras enviem e recebam dinheiro dentro ou fora do país. Entretanto, a Rússia possui seu próprio sistema backup de transferência chamado SPFS, que só foi desenvolvido após a anexação da Crimeia, e que conecta mais de 20 instituições financeiras na Bielorrússia, Armênia e Quirguistão.

A outra “opção nuclear” 

A retirada de um país no sistema SWIFT tem um impacto brutal ao nível operacional e de gestão, tanto privado, para as pessoas com conta bancária, quanto público, impedindo operações que se resolvem com transferências, afetando as medidas dos bancos centrais e da integração internacional. 

O impacto dessa expulsão de um país do sistema SWIFT é tão grande que é chamada como “opção nuclear”, mostrando o quão devastador é o impacto. 

Diante desse cenário, as criptomoedas aparecem como uma opção válida para que os civis russos possam continuar suas operações e transações, recebendo dinheiro e ajuda financeira do exterior. 

SWIFT x Cripto

O SWIFT estabeleceu-se como o cânone da comunicação financeira em um mundo onde a internet nem pensava em existir. Hoje, com a popularização da tecnologia blockchain e das criptomoedas, pudemos ver nos últimos anos a evolução de um sistema financeiro e econômico internacional alternativo, que dispensa o SWIFT para transferir valores internacionalmente. 

O SWIFT é um sistema centralizado, o que o torna mais vulnerável a qualquer tipo de ataque físico ou cibernético. Por exemplo, em 2017, um ataque ao banco italiano UniCredit expôs os dados de mais de 400.000 contas. Esse sistema centralizado também abre espaço para a possibilidade de censura. 

Com o sistema cripto temos uma alternativa ao SWIFT, que é um sistema que tem características que anulam essas ineficiências do SWIFT. O registro digital aberto e distribuído com a tecnologia blockchain pode processar e contabilizar transações financeiras em tempo real, assim como as movimentações dos ativos digitais e físicos. 

As transferências com criptomoedas permitem que o valor seja movimentando sem a necessidade de intermediários, reduzindo o tempo de validação que em bancos pode levar alguns dias, custos operacionais e comissões