A modernização dos sistemas financeiros tem acelerado a criação de moedas digitais próprias em diversos países do mundo, e com o Brasil não poderia ser diferente. O Banco Central estuda a adoção do real digital há alguns anos, a fim de viabilizar uma solução digital e prática para os brasileiros.
Com previsão de lançamento para 2024, o real digital passou a ser visto com otimismo após o rápido sucesso do PIX entre a população brasileira. O BC acredita que a medida deve otimizar ainda mais as relações financeiras no país, além de gerar diversas vantagens para os sistemas de pagamento.
Mas, afinal, como funciona o real digital? Há relação direta com as criptomoedas? A moeda virtual vai substituir o dinheiro físico? Preparamos um texto com as principais informações sobre o tema para que você tire todas as suas dúvidas sobre. Confira a seguir.
O que é uma moeda digital?
Conhecido formalmente como uma CBDC (Central Bank Digital Currency, ou Moeda Digital de Banco Central), o real digital trata-se de uma moeda virtual que dispensa o uso de cédulas físicas e deve ser emitido de maneira virtual pelo Banco Central.
Com esse tipo de moeda digital, é possível realizar pagamentos, transferências e demais serviços financeiros de forma prática em dispositivos móveis e computadores. O real digital nada mais é que a versão virtual da moeda brasileira que já conhecemos no dia a dia, mas com algumas praticidades a mais.
A adoção de moedas digitais é um movimento natural da modernização dos sistemas financeiros, mas há quem acredite que elas estão sendo criadas pelos governos com o objetivo de frear a propagação de criptomoedas descentralizadas.
Uma tendência mundial
Engana-se quem pensa que a ideia de moeda digital surgiu no Brasil. A maior parte dos países vê nas CBDCs um grande potencial de otimizar os sistemas de pagamentos – em especial em setores como varejo e indústria. A China foi a primeira grande nação a adotar o sistema digital como padrão para sua população.
O yuan digital funciona por meio de aplicativos integrados ao Banco Central de Pequim. A moeda digital foi testada em várias cidades chinesas e as transações totalizaram mais de US$ 8 bilhões apenas no segundo semestre de 2021. Outro país que está avançando na criação de um dinheiro digital é a Suécia, que está testando a sua “e-krona”, que tem lançamento previsto para 2026.
Como funcionará o real digital?
O Banco Central brasileiro estuda a adoção do real digital já há alguns anos, mas foi somente em maio de 2021 que a entidade deu um passo maior para implementar a medida. Ainda em fase de estudos, a adoção da moeda digital deve acontecer a partir de 2024, após uma série de estudos e pesquisas de desenvolvimento.
O objetivo das moedas virtuais emitidas por bancos centrais é permitir comodidades como transações internacionais mais rápidas e baratas, além de otimizar o sistema financeiro de forma geral.
A implementação do real digital será feita em dois níveis, tanto pelo BC como pelos bancos. A parte inicial, isto é, a emissão da moeda digital, será de responsabilidade do Banco Central – como já acontece hoje com o real físico.
Já a distribuição e o controle desses ativos serão feitos por bancos, fintechs e demais instituições financeiras que participam do Sistema de Pagamentos Brasileiro. Uma das novidades anunciadas pelo BC é de que a conta-corrente em real digital será totalmente gratuita e sem a cobrança de taxas de manutenção.
Diferenças entre o real físico e o real digital
Atualmente, a única forma de o Banco Central emitir dinheiro é por meio de notas e moedas em espécie. A criação de uma moeda digital otimiza esse processo e oferece ao banco uma opção a mais para a emissão de moeda no país, agora em formato virtual.
Ainda não há uma clareza entre os líderes mundiais sobre como as moedas digitais serão taxadas, mas acredita-se que elas tenham o mesmo valor do dinheiro físico. O real digital poderá ser convertido para outras moedas por meio de sistemas bancários, assim como já acontece em transações digitais.
A intenção do Bacen não é eliminar a cédula física de vez, mas oferecer uma solução digital que economiza tempo e dinheiro para quem a utiliza. A ideia do BC é que a moeda digital seja um complemento à física – e não necessariamente uma substituta.
O real digital é uma criptomoeda?
As CBDCs geralmente são comparadas com as criptomoedas, mas é preciso que fique claro que elas não funcionam da mesma forma.
Enquanto o Bitcoin e outras criptos se utilizam de tecnologia blockchain e não têm intermédio de grandes instituições financeiras – são ativos descentralizados –, o real digital e outras moedas digitais são regulamentadas e emitidas pelos bancos centrais de cada país.
Por isso, elas devem atender a determinadas legislações e estão sujeitas a normas e taxas da mesma forma que já conhecemos hoje em dia, além de serem controladas por instituições financeiras. A variação cambial também depende das políticas adotadas por cada banco central.
Outra diferença característica entre as duas modalidades é que as criptomoedas são utilizadas como ativos financeiros, já as CBDCs funcionam como dinheiro tradicional.
Quais são as vantagens de se ter uma moeda digital?
A criação do real digital está em fase de estudos, mas já se mostra promissora por desburocratizar as transações financeiras. Assim como o PIX, o real digital é uma inovação que tende a facilitar o pagamento e a transferência de recursos entre usuários, além de garantir maior segurança no dia a dia. Confira os principais benefícios das CBDCs:
- Agilidade nos pagamentos;
- Rapidez e segurança em transações internacionais;
- Integração com sistemas de pagamentos em lojas e comércios;
- Prevenção contra fraudes;
- Liberdade para consumidores;
- Digitalização e diminuição no custo de impressão de dinheiro.
Conclusão
Como é possível observar, a adoção do real digital é uma evolução natural para o sistema financeiro brasileiro, e deve trazer benefícios a longo prazo. Ainda assim, é cedo para falar se a medida vai ser bem recebida pelos brasileiros, uma vez que ainda há quem prefira realizar transações com cédulas em espécie.
Com previsão de lançamento para 2024, o real digital ainda passará por uma série de estudos. O Banco Central promete disponibilizar diversos tutoriais e informes para que a população conheça, aos poucos, as diferentes finalidades que esse serviço tem para oferecer.