Lançada em 2010, a Mt. Gox rapidamente se tornou referência em compra e venda de Bitcoin (BTC), quando a moeda digital ainda valia menos de US$ 1. Sediada no Japão, a empresa chefiada por Mark Karpelès chegou a atingir 70% do volume global da criptomoeda.
No entanto, o amadorismo na operação levou a uma série de hacks, falhas no site, bloqueio de US$ 5 milhões pelo governo norte-americano e, finalmente, à falência da empresa no início de 2014.
O processo se arrasta nas cortes japonesas há 8 anos, trazendo inúmeros e constantes rumores sobre a liberação dos 137 mil BTCs que ainda restam na massa falida da empresa. Mas, na realidade, ainda não há previsão de quando esse pagamento irá ocorrer.
Os 137 mil BTCs existem de verdade?
Sim, eles existem e são controlados pelo advogado Nobuaki Kobayashi, apontado como agente fiduciário da empresa falida. Ao final de 2017, Kobayashi conseguiu uma autorização para vender 35.841 BTCs, levantando cerca de US$ 360 milhões.
Portanto, é possível que parte do pagamento seja realizado em dinheiro e o restante em Bitcoins. Entretanto, para isso, é necessário que todos os envolvidos apresentem a documentação necessária, sendo o dia 15 de setembro de 2022 a data final para esse recadastramento. Contudo, isso gerou uma nova especulação infundada sobre a venda das moedas restantes.
Qual foi o tamanho total do hack?
Supostamente, a empresa deveria deter 850 mil BTCs — que equivalem a US$ 595 milhões — na época do pedido de falência. Porém, na realidade, só foram encontradas 200 mil moedas, e, em 2015, Mark Karpelès foi condenado e preso por fraude. Um aspecto esquecido é que estavam faltando US$ 27,4 milhões nas contas bancárias da Mt. Gox.
O saldo mais atualizado deste hack gigantesco é de 141.686 BTCs, além de 142.846 Bitcoin Cash (BCH) e uma quantia em dinheiro.
O pagamento será feito em alguns estágios, que serão determinados pela justiça. Ainda há a possibilidade de se exigir o valor todo em dinheiro, mas isso poderá atrasar ainda mais a liquidação da empresa.
Por que o governo dos EUA confiscou US$ 5 milhões?
Em meados de 2013, o governo norte-americano confiscou US$ 5 milhões da Mt. Gox que haviam sido depositados em um processador de pagamentos e no banco Wells Fargo. A determinação do juiz foi baseada na suspeita de remessas que não tinham a devida licença para operar no país.
No mesmo período, a CoinLab, parceira da Mt. Gox nos EUA, entrou com um processo exigindo o pagamento de US$ 75 milhões, alegando o rompimento do contrato de intermediação das operações após a interrupção de saques para os clientes na América do Norte.
Quais as chances do pagamento sair ainda em 2022?
Especular sobre as datas envolvendo um processo de liquidação que se arrasta por quase uma década é complexo e ainda não há sinais de que estes valores serão entregues nos próximos meses de 2022.
O processo ganhou notoriedade, pois o valor a ser pago agora ultrapassa os US$ 2,5 bilhões e a venda coordenada pelo advogado, no início de 2018, coincidiu com o início de um período de baixa do Bitcoin que durou cerca de 16 meses.
Desse modo, não existe a obrigatoriedade da venda das 137 mil moedas restantes. Caberá a cada credor decidir se deseja receber o pagamento em criptomoeda.
Qual seria o impacto da venda dos 137 mil BTCs?
As informações sobre o volume negociado são muito difusas, especialmente nas exchanges domiciliadas em paraísos fiscais sem a entrada e saída de dinheiro fiduciário (dólar, euro, real).
A Messari, empresa de análise cripto, estima que o volume semanal ajustado do Bitcoin no mundo é de US$ 45 bilhões, incluindo as operações em stablecoins. Considerando a cotação de US$ 20 mil, a quantia de BTCs da Mt. Gox equivale a US$ 2,74 bilhões, portanto, 6% do volume total negociado nessa moeda. Dessa forma, é seguro afirmar que existe liquidez e volume de negociação suficientes para absorver uma eventual venda deste porte.
Cabe lembrar que a cotação do Bitcoin varia de forma livre, sem intervenção das exchanges. Em suma, o impacto da eventual venda dependerá do humor e apetite dos investidores.
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