Quem acompanha sites de notícias ou grupos de conversa sobre criptomoedas invariavelmente se depara com análises técnicas, sejam as famosas médias móveis ou as tradicionais figuras de ombro-cabeça-ombro e canais de tendência.
Mas afinal, é possível obter ganhos utilizando este tipo de análise? Quais os melhores indicadores? Muitos traders preferem delegar a decisão exclusivamente para estas ferramentas, reduzindo a pressão psicológica necessária para determinar pontos de entrada e saída.
A verdade é que indicadores técnicos são utilizados nos demais mercados há mais de 100 anos, e alguns traders conseguem obter sucesso utilizando esta estratégia. Com o tempo, a competição foi aumentando, especialmente a partir da utilização de robôs, conhecidos como algoritmos de trade.
Média Móvel
Mostra o preço médio da moeda em determinado período de tempo, ou seja, suaviza as oscilações de preço no gráfico. Embora não exista uma regra, períodos de 20, 50 e 200 dias são os mais utilizados.
O cruzamento de médias móveis, ou seja, quando há uma interseção no gráfico de um período mais curto com outro mais longo, é um dos exemplos de utilização na decisão de compra e venda utilizando este sinal.
Usualmente é considerado um sinal de alta quando a média móvel de curto prazo (linha roxa) cruza de baixo para cima uma média móvel de prazo mais longo (linha azul). O oposto ocorre quando o cruzamento é de cima para baixo, conforme exemplo abaixo na moeda Ethereum.
Outros traders preferem utilizar as médias móveis como suportes (seta verde) e resistências (setas vermelhas) para operações, buscando a continuidade de tendências, conforme exemplo abaixo na moeda Litecoin.
Linhas de tendência
A linha de tendência de queda é formada por 2 ou mais pontos que encostam no topo de uma figura. No caso da linha de tendência de alta, o inverso ocorre, com os pontos encostando no piso da figura, formando uma tendência ascendente.
Para esta análise excluem-se as sombras, conhecidas em inglês como “wicks” ou “tails”. São estes risquinhos acima e abaixo das velas que determinam os máximos e mínimos dentro do período.
A maioria dos traders costuma utilizar as linhas de tendência para determinar resistências (topo) durante as tendências de baixa, enquanto utilizam as tendências de alta para encontrar suportes (piso), conforme exemplo abaixo no Bitcoin:
Bandas de Bollinger
Desenvolvido por John Bollinger na década de 80, o indicador adiciona uma faixa de desvios-padrão que variam conforme a volatilidade (velocidade de variação da moeda) acima e abaixo da média móvel exponencial.
As bandas de Bollinger ajustam-se às condições de mercado, ou seja, se as variações de preço tornam-se mais agressivas, as bandas se expandem, criando mais espaço pra moeda se mover, embora mantendo a tendência.
Há diversas formas de utilizar o indicador, porém a mais comum é procurar pontos de fuga da banda: furos para cima usualmente significam pontos de venda, enquanto o oposto ocorre quando há um rompimento da banda na linha inferior.
Verifique abaixo um exemplo de uso deste indicador na moeda Ripple XRP:
Robos “bots” de trading
Primeiramente precisamos deixar claro que estes robôs de trading apresentam grandes riscos aos usuários. Os hackers oferecem planilhas ou solicitam as chaves de acesso ao API de trading, sistema eletrônico de envio de ordens para as exchanges.
Após algumas semanas ou meses operando normalmente, o sistema é alterado para executar ordens em moedas com menor volume, realizando compras em preços altos para os clientes, enquanto o hacker aproveita para vender em sua conta particular com lucro.
No entanto, sabendo usar corretamente a API de trading, o usuário tem a possibilidade de determinar padrões nos indicadores técnicos para que o robô execute as compras e vendas automaticamente.
Não há garantia alguma de lucro ou rentabilidade, porém facilita bastante a execução e consegue-se monitorar simultaneamente diversos indicadores em mais de uma moeda.
Vantagens da análise técnica
Conforme mencionamos anteriormente, a principal vantagem é eliminar a indecisão do trader na hora de entrar e sair das posições.
De forma geral, é uma ferramenta bem útil seja pra quem deseja adicionar metodologias além da análise do cenário macro (política, regulação, commodities) e do próprio noticiário referente ao desenvolvimento da moeda (upgrades, parcerias, forks, etc).
Outras vantagens da análise técnica incluem:
- Possibilidade de automatizar estratégias através de robôs;
- Possibilidade de utilizar múltiplos indicadores para definir pontos de entrada e saída;
- Possibilidade de realizar backtest, ou seja, medir a performance desta estratégia com dados históricos;
- Facilidade de leitura dos indicadores, uma vez que há uma vasta experiência em outros mercados que pode ser facilmente aplicada em criptomoedas.
Desvantagens desta metodologia
Infelizmente não há um indicador único ou parâmetro que funciona em qualquer ativo durante um longo período. Se fosse tão simples, muitas pessoas estariam comprando e vendendo quase ao mesmo tempo e o retorno da operação seria nulo ou até mesmo negativo.
Além da necessidade de constantemente ter que ajustar os parâmetros e buscar o melhor mix de indicadores, destacamos:
- Benefício que arbitradores possuem através de colocation, servidores dedicados próximo das exchanges com menor tempo de resposta;
- Existência de ferramentas avançadas de inteligência artificial, desenvolvidas com exclusividade para grandes traders e mesas de operações;
- Necessidade de conhecimentos avançados de programação para verificar se há código malicioso nos robôs.
Conclusão
Indicadores técnicos funcionam, sem sombra de dúvida, porém é necessário revisar os parâmetros constantemente, além de definir quais indicadores funcionam melhor conforme varia a dinâmica do ativo.
Não acredite em fórmulas mágicas ou sistemas que acertam indefinidamente, pois como mencionamos, códigos maliciosos são implementados para dar uma aparência de lisura ao longo de semanas ou meses antes de causar grandes prejuízos ao usuário, em benefício ao atacante.
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