O Banco Central dos EUA possui algumas diferenças para seus pares ao redor do mundo, mas sua principal função é a mesma: definir as políticas monetárias para sustentar a moeda local e estimular a economia.
O Federal Reserve (FED) é uma entidade privada, porém o lucro de sua atividade vai para o governo norte-americano. De maneira análoga, é o Presidente dos EUA quem nomeia os cargos de chefia desse Banco Central, embora, no dia-a-dia, a entidade tenha total autonomia para conduzir as suas rotinas.
Qual a função do FED?
Nos EUA, o FED é responsável pela compra e venda de títulos de dívida do governo. Isso é bem diferente no Brasil, por exemplo, onde essa função fica a cargo do Tesouro Nacional.
Além disso, cabe à entidade a definição das taxas de remuneração e depósito mínimo exigido dos bancos. Quanto menor este requerimento, maior é a capacidade dos bancos de emprestar.
Por último, porém de suma importância, o Banco Central dos EUA administra uma carteira de ativos que contém títulos de dívida pública e privada, contratos de ouro, recebíveis e ativos em moeda estrangeira.
Por que o FED resolveu subir a taxa de juros?
Em abril/2020, a autoridade monetária colocou a taxa de juros abaixo de 0,25% ao ano, a mais baixa desde novembro/2015. O objetivo era estimular a economia, tirando a rentabilidade das aplicações de renda-fixa, e, ao mesmo tempo, incentivar os empréstimos e financiamentos.
Essa estratégia foi mantida nos últimos 2 anos, enquanto pacotes de estímulo ultrapassando os 7 trilhões de dólares foram aprovados pelo governo. O resultado dessas políticas expansionistas foi a inflação.
Em sua última reunião, em 4/maio, o Federal Open Market Committe (FOMC), comitê do FED que define os juros, subiu o piso da taxa para 0,75%. Pode parecer pouco para nós brasileiros, acostumados com as altas taxas de juros, mas essa foi a mudança mais agressiva em 20 anos.
A alta da taxa do FED derrubou os mercados?
Não exatamente. A decisão já era esperada pela maioria do mercado e as taxas de juros continuam muito abaixo da inflação dos EUA, que se encontra em 8,5% nos últimos 12 meses.
Os investidores sabiam que o FED estava encurralado, pois a inflação em descontrole impacta negativamente no crescimento, caracterizada pela queda de 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2022.
Por que as criptomoedas e as ações tiveram queda?
Mais preocupante do que a taxa de juros em 0,75% foi a reversão das políticas de compra de ativos do FED. Após os pacotes de estímulo aprovados nos últimos 2 anos, o total de ativos sob seu controle saiu de US$ 4,15 trilhões para os atuais U$ 8,95 trilhões. Para se ter ideia de quanto esse valor representa, com ele seria possível comprar 100% das maiores empresas do mundo, como a Apple, a Microsoft, o Google, a Amazon, a Tesla, o Facebook (atual Meta) e ainda sobraria um trocado para adquirir a Intel.
O atual Presidente do FED, Jerome Powell, reafirmou neste mês (maio) o objetivo de reduzir esse balanço em US$ 1 trilhão nos próximos 12 meses. Ou seja, vender títulos de dívida, incluindo os imobiliários.
Qual a relação do Bitcoin e das criptomoedas com o FED?
Quando os investidores acreditam que uma crise está surgindo, a tendência é a busca pela proteção. Nesse cenário, a rentabilidade e o potencial de alta deixam de ser prioridade, e a renda fixa, mesmo trazendo retornos abaixo da inflação, torna-se objeto de desejo — afinal, ninguém espera que os EUA, a Johnson & Johnson ou a ExxonMobil deixem de pagar suas dívidas. Enquanto isso, os investidores fogem de ativos com histórico de grande variação nas cotações.
Outro ponto importante é a busca por caixa (dólares mesmo), seja para se proteger de períodos sem entrada de caixa, ou para aproveitar as barganhas nos mercados durante as correções.
Quando o Bitcoin irá “descolar” dos demais mercados?
De fato, nos últimos 4 meses, o desempenho do Bitcoin (BTC) e das criptomoedas foi muito semelhante aos mercados considerados de risco, como as ações de empresas de médio porte nos EUA, de empresas de tecnologia na China e os títulos de dívida imobiliária.
No momento, não é possível prever quando a atenção do mercado irá se voltar para a escassez digital das criptomoedas ou a impossibilidade de censura nas transações do Bitcoin. Enquanto este mercado for percebido como um ativo de risco, a sua performance seguirá dependente das ações do FED.
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