É sábado de manhã e você decidiu se dar um prazer. Vai até a padaria, pede meia dúzia de pães de queijo e paga com algumas notas de real. Você já parou para pensar por que alguém aceita trocar bens (como pães de queijo) ou serviços por nada mais do que "papel"?
O que está por trás dessa troca é que não se trata de qualquer papel, mas de dinheiro. Especificamente, o que conhecemos como "dinheiro fiat". Vamos te contar o que significa isso a seguir.
O que significa "dinheiro fiat"?
O dinheiro fiat é aquele que um governo emite e dá respaldo. Ele é usado como meio de troca de valor porque o governo garante que é confiável e pode ser utilizado para esse fim.
E por que “fiat”? A palavra fiat tem origem no latim clássico e significa "faça-se" ou "seja feito". Nesse idioma, fiat era utilizado para expressar a manifestação de uma ordem, vontade ou decreto. Com o tempo, passou a se referir ao cumprimento de disposições de uma autoridade superior. Nesse caso, a imposição de usar uma moeda para realizar transações comerciais.
Como o dinheiro fiat funciona na economia moderna?
O dinheiro fiat é emitido pelos bancos centrais. Essas entidades controlam sua oferta por meio da emissão de novas unidades dessa moeda.
Aceitar o dinheiro fiat como forma de pagamento para transações comerciais é obrigatório em cada país, tanto no setor público quanto no privado. É o que se chama de "moeda de curso legal".
Se você tivesse pago os pães de queijo com algum meio digital, estaria usando dinheiro fiat? Sim, todo dinheiro emitido por um governo e baseado na confiança, é dinheiro fiat. Existem muitos exemplos disso, e esses são apenas alguns:
- Real brasileiro.
- Dólar americano.
- Euro.
- Iene.
A confiança: o pilar do dinheiro fiat
A confiança como respaldo do dinheiro fiat contrasta com outros sistemas baseados em ativos subjacentes, como o dólar americano antes da ruptura do padrão ouro em 1971. Até esse momento, cada dólar estava respaldado por seu equivalente em ouro.
O dinheiro fiat tem valor porque um governo assim o estabelece. Como consequência, as decisões deste governo podem afetar o valor de uma moeda.
Quando um governo implementa um programa econômico sólido, a moeda tende a manter seu valor. As pessoas confiam nela, e há demanda para usá-la ou acumulá-la. No entanto, se a oferta de moeda aumentar excessivamente ou a confiança no governo enfraquecer, seu valor pode cair.
Diferenças entre o dinheiro fiat e as criptomoedas
A principal diferença entre o dinheiro fiat e as criptomoedas é a presença ou não de uma autoridade centralizada que garanta a confiança. Em muitas criptomoedas, como o Bitcoin, não há uma entidade que controle sua emissão ou as transações: tudo está estipulado em seu protocolo.
Isso também possibilita uma emissão controlada e previsível: a cada quatro anos, a quantidade de BTC emitida é reduzida pela metade, e nunca haverá mais de 21 milhões de BTC.
Existem outras criptomoedas, como as stablecoins, que representam um híbrido: sua emissão é centralizada (gerida por uma empresa ou organização), mas são respaldadas por um ativo subjacente, como uma moeda nacional (como o dólar ou o euro).
Outras diferenças entre dinheiro fiat e criptomoedas incluem:
- Centralização: o dinheiro fiat é emitido por uma entidade central, enquanto muitas criptomoedas (não todas) são regidas por seu próprio protocolo.
- Regulação: o dinheiro fiat é altamente regulado em todo o mundo, enquanto as criptomoedas ainda estão em processo de regulamentação em muitos países. No Brasil, por exemplo, plataformas reguladas como a Ripio permitem operar com elas.
- Adoção: aceitar dinheiro fiat é obrigatório em cada país, enquanto as criptomoedas nem sempre são aceitas, especialmente no setor público.
Em resumo, o dinheiro fiat tem sido a forma predominante de troca de valor no mundo por séculos. No entanto, as criptomoedas estão promovendo uma revolução que busca superar limitações do dinheiro fiat, como a centralização em sua emissão e a confiança que depende exclusivamente dos governos.
Traduzido por Jaqueline Vilaça Deschamps
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