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FED, Inflação e Crash Generalizado: O que realmente é o"risco"?

Rafaela Romano
20/12/24

No dia 18, o Federal Reserve (FED) reduziu as taxas de juros em 25 pontos-base, exatamente como 97% dos participantes do mercado previam. A decisão não trouxe qualquer surpresa. No entanto, a reação do mercado foi extremamente negativa.

Embora o preço do Bitcoin tenha caído, as ações enfrentaram um impacto muito mais severo. O S&P 500 registrou sua maior queda pós-FED desde março de 2020, com uma perda impressionante de US$ 1,8 TRILHÃO em capitalização de mercado em apenas algumas horas.


Se a ação era esperada, o que levou ao crash generalizado dos mercados?

O anúncio de que o FED agora planeja realizar 2 cortes em vez de 4, como inicialmente previsto, trouxe inquietação ao mercado. Durante seu discurso na quarta-feira, Jerome Powell ressaltou que a inflação permanece um desafio e continuará sendo nos próximos meses, já que a meta de 2% não foi atingida.

O FED revisou sua projeção de inflação do PCE, elevando-a de 2,1% para 2,5% até o final de 2025 e mantendo-a em 2,1% no final de 2026, ainda acima da meta de 2,0%. Isso significa que poderão ser necessários mais dois anos para alcançar o objetivo. Diante dessa dificuldade, o FED optou por adotar uma política monetária mais restritiva. Essa decisão foi o principal catalisador do crash no mercado.


O declínio do mercado de ações se intensificou após Powell mencionar uma frase específica durante sua coletiva:

"A decisão de hoje (do corte) foi difícil, mas decidimos que era a decisão certa."

Em 2023, o FED implementou 11 aumentos consecutivos na taxa de juros, marcando o maior ciclo de alta em 22 anos. Diante dessa escalada, o mercado esperava uma série de cortes em 2024, mas até o momento, apenas três cortes foram realizados, incluindo o de dezembro.

Uma política monetária menos expansionista tende a impactar negativamente ativos classificados como "de risco", como ações e criptomoedas. No entanto, é crucial refletir sobre alguns aspectos importantes, principalmente em relação à percepção de "risco".

O que significa ‘’Risco’’?

Desde 2006, o real perdeu 64% de valor frente ao dólar. No mesmo período, o dólar perdeu 82% de valor frente ao ouro. Desde 1814, pelo menos 595 moedas fiduciárias deixaram de existir. 25% dessas mortes foram causadas pela hiperinflação - que inclusive era um fenômeno impossível nas economias com lastro em ouro. A maioria dessas moedas não duraram 100 anos.

De uma perspectiva temporal mais ampla, não seriam as moedas fiduciárias o verdadeiro risco?

Apenas em 2024, o real perdeu 20% de valor frente ao dólar. Na prática, isso significa que estamos vendo milhões de pessoas empobrecerem rapidamente diante dos nossos olhos. E enquanto isso ocorre, precisamos rever nossa perspectiva sobre os riscos.


No Texas – cujo PIB supera o de toda a Rússia – está em tramitação um projeto de lei que propõe a criação de uma reserva de Bitcoin no tesouro estadual. Certamente, poderíamos listar dezenas de razões para incluir no tesouro o ativo com melhor desempenho da última década. Contudo, é especialmente relevante observar os argumentos que o Texas escolheu como justificativa para essa iniciativa.

  (1) a legislatura reconhece o Bitcoin como um valioso ativo digital com **potencial estratégico para aumentar a resiliência fiscal do estado;**

   (2) a natureza descentralizada e o suprimento finito do Bitcoin fornecem qualidades únicas que podem servir como uma **proteção contra inflação e volatilidade econômica**; e

   (3) Uma reserva estratégica de Bitcoin se alinha com o compromisso do Texas em promover a inovação em ativos digitais e **fornecer aos texanos maior segurança financeira.**

O Texas reconhece o Bitcoin como um ativo de proteção contra inflação e como capaz de fornecer segurança financeira. Não seria essa, a definição exata da antítese de um ativo de risco?

Volatilidade como feature

Em 2024, o Bitcoin já enfrentou pelo menos seis quedas maiores do que a atual. Contudo, talvez sua volatilidade não seja um defeito, mas uma característica intencional, especialmente em um mundo em constante transformação.



Um relatório da BlackRock trouxe uma análise fascinante sobre a reação do Bitcoin, do ouro e do S&P 500 a eventos "disruptores". A conclusão é reveladora: enquanto o Bitcoin inicialmente sofre quedas mais acentuadas, ele é o ativo que apresenta a melhor performance com o passar do tempo. Para a BlackRock – que administra cerca de $10 trilhões em ativos – o Bitcoin se enquadra na categoria de um "ativo para voar em busca de segurança".


Os momentos de queda são fundamentais para eliminar a alavancagem do mercado e nos permitir reavaliar nossas estratégias. Uma reflexão interessante é: se você estava disposto a comprar a $100k, por que hesitar em comprar a $93k?

O conteúdo deste artigo tem apenas fins informativos e/ou educacionais. Não constitui aconselhamento financeiro, legal, fiscal ou de investimento, e não deve ser interpretado como uma recomendação para tomar qualquer ação específica.

Antes de tomar decisões financeiras, de investimento ou comerciais, é recomendável consultar um assessor ou profissional qualificado na área correspondente.Os ativos digitais podem apresentar alta volatilidade em suas cotações. A Ripio não oferece garantias ou representa a viabilidade ou adequação desses ativos como uma opção de investimento.