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Atualizações da Ethereum: Shanghai-Capella

Atualizações da Ethereum: Shanghai-Capella

Saiba tudo sobre as atualizações Shangai e Capella e a sua importância para o ecossistema Ethereum.

Luana Miyuki
Content Analyst
10/4/23

O ano de 2022 foi muito importante para a Ethereum, já que ela recebeu em setembro a sua tão esperada atualização The Merge, que teve como objetivo principal mudar o seu modo de consenso de Proof of Work (prova de trabalho) para Proof of Stake (prova de participação), tornando-a mais acessível e sustentável.

Assim, ao invés de precisar de várias máquinas trabalhando para resolver um problema matemático para validar o trabalho e registrar as transações em sua rede, a Ethereum passou a contar com os seus participantes bloqueando (staking) uma quantidade de sua criptomoeda, o Ether (ETH), para contribuir com a sua segurança. 

A comunidade da Ethereum reagiu positivamente a essa grandiosa mudança, o que fez crescer o sentimento de otimismo em relação às outras 4 grandes atualizações que a rede terá daqui pra frente que impactarão diretamente no seu funcionamento. 

Porém, desde os testes para a mudança de mecanismo existe um pequeno problema para quem faz o staking de ETH, e as atualizações Shangai e Capella chegaram para corrigi-lo. 

O que são Shangai e Capella?

Primeiro, é preciso saber que a Ethereum possui 5 grandes atualizações planejadas para mudar o seu funcionamento e torná-la uma blockchain mais rápida e acessível. A atualização que já ocorreu é o The Merge e as outras que estão por vir são The Surge, The Verge, The Surge e The Splurge. 

O principal objetivo do The Surge é deixar a Ethereum mais rápida, processando até 100.000 transações por segundo. Para isso ocorrer será implementado o Sharding, que dividirá a blockchain em fragmentos menores (os shards), em que cada um será responsável por processar um número de transações independentemente. 

No contexto desse roadmap, a Shangai e a Capella estão entre as duas primeiras grandes atualizações, sendo, portanto, uma implementação importante e uma preparação para o The Surge — que está previsto para acontecer no segundo semestre de 2023. 

Um ponto importante a ser levado em consideração é que a Shangai traz implementações para a parte de execução da Ethereum, enquanto que a Capella é voltada para a camada de consenso. Como a Capella está programada para ser implementada logo após a Shanghai ser concluída, a comunidade está chamando essa nova atualização de Shapella

Os objetivos de Shapella

Em termos técnicos, Shangai e Capella são implementações que possuem várias EIPs (Ethereum Improvement Proposals ou Propostas de Melhorias da Ethereum, em português). Dentre elas, uma das principais é a EIP 4844, que tem como objetivo implementar a primeira etapa do Sharding. 

Ainda, a Shangai trará para rede o EOF (sigla em inglês para Formato de Objeto Ethereum), que consiste em um conjunto de 5 EIPs que propõe fazer com que a execução da blockchain seja mais eficiente em velocidade, custos, segurança e estabilidade, e que a Ethereum como um todo seja mais fácil de ser atualizada.

  • EIP 3540: altera o esquema de instrução do Ethereum Virtual Machine (EVM), tornando-o mais atualizável;
  • EIP 3670: economiza custos de operação adicionando a validação de código para os contratos inteligentes;
  • EIP 4200: reorganiza o Stack da EVM, ajudando a reduzir o custo do gas;
  • EIP 4570: traz funções que o Stack pode executar, o que contribui para tornar os programas mais eficientes;
  • EIP 5450: ajuda na validação dos contratos inteligentes.  

Mas o ponto principal desta atualização é liberar os ETH que estão em staking na Beacon Chain desde os testes do The Merge.

Para contextualizar: durante os preparativos iniciais para a mudança da prova de consenso, a Ethereum foi dividida em duas redes — inclusive, o nome "Merge" significa "fundir" —-, e durante a atualização ocorreu a junção dessas redes em uma. Na parte em que ocorriam os testes de PoS, os validadores deixavam ETH em staking, mas não sabiam quando poderiam ter as suas moedas de volta. 

Agora, com a Shapella implementada, quem tiver interesse pode resgatar as suas criptomoedas que estavam em staking desde 2020 não só para validar as transações da blockchain, mas que também eram uma forma de obter renda passiva através de exchanges ou protocolos de liquidez (como a Lido, por exemplo).  

Os impactos de Shapella 

Um dos principais pontos de preocupação da comunidade cripto é que a quantidade de ETH que pode ser liberada por causa dessa atualização resulte em um "dumping" (despejo) da moeda no mercado, aumentando o seu número em circulação. 

Ainda, se as pessoas decidirem vender todos ou a maioria dos seus ETH que estavam em staking, poderá ocorrer uma pressão vendedora, o que influenciará a queda do valor da moeda. 

Existe também a possibilidade de os usuários não conseguirem sacar tão rapidamente as suas moedas em staking devido à alta demanda, até porque existem 18 milhões de ETH bloqueados por cerca de 564 mil validadores. Justamente por esse motivo, a Ethereum já deixou claro que as retiradas serão limitadas a pequenas quantidades. 

Porém, a expectativa geral é que não haja impactos negativos para essa blockchain e a sua criptomoeda nativa, até porque agora a Ethereum poderá ter mais transações, o que pode aumentar o seu uso e adoção no curto e no longo prazo.