O início de uma correção de preços do BTC

O mês de fevereiro é marcado pelo início de uma correção de preços que graficamente é bem técnica e já aguardada. Nesta edição, vamos correlacionar os dados on-chain a este movimento dos preços.

Paula Reis
Content Creator

O mercado experimentou a primeira retração significativa desde a alta de janeiro, se refazendo de uma alta semanal de US$ 23,3 mil para uma mínima de US$ 21,5 mil — que foi, anteriormente, uma forte resistência, mas que agora passou a ser um forte suporte. 

Esse cenário dos preços vem acompanhado de notícias regulatórias significativas vindas dos Estados Unidos, como a emissão de uma multa pela SEC (a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana) para a exchange Kraken pelos seus serviços de staking; uma ação legal da SEC contra a Paxos por emitir a stablecoin BUSD; e outras várias ações contra parceiros bancários criptográficos e pagamentos de fornecedores.

As últimas semanas também viram a introdução um tanto surpreendente de NFTs sendo hospedados na blockchain do Bitcoin (BTC), ocasionando um aumento significativo na atividade da rede e uma pressão crescente nas taxas. 

Neste artigo, vamos avaliar a potência desta tendência corretiva e a correlação da análise gráfica com os dados on-chain.

Os indicadores de rede utilizados nesta edição são: Razão do preço realizado em relação à vivacidade; Pontuação da tendência de acumulação; Custo base de investidores novos e antigos; e Faixa de 1 dia de custo realizado dos hodlers.

O movimento do preço

No mês de fevereiro, até agora, tivemos o preço máximo do BTC em US$ 24.255, região essa em que, graficamente, ele encontra forte resistência, já que a lateralização que ocorreu desde junho/22 por diversas vezes formou o topo na região dos US$ 24-25 mil.

O BTC se manteve numa lateralização de topo entre US$ 22.220 e a máxima do mês, caracterizando um movimento prévio para uma correção, que se iniciou em 09/02 e atingiu a mínima do mês. 

No retângulo traçado entre US$ 21.300 e US$ 20.200 há bastante liquidez, podendo-se negociar nestes preços numa correção mais ampla.

GráficoDescrição gerada automaticamente
Fonte: Vector Pro

No gráfico semanal, o indicador IFR 9 (índice de força relativa) atingiu a faixa acima de 70 nas últimas 2 semanas, sugerindo uma região de sobrecompra onde há realização e reversão de tendência. Este indicador não atingia esse patamar desde novembro de 2021, e acompanhado do forte volume das semanas (barras amarelas), ele também sugere a grande dificuldade do preço romper os topos recentes e maior chance de ocorrer uma correção mais ampla e de continuidade do Bear Market com os próximos alvos em US$ 20.400 e US$ 18.400.

GráficoDescrição gerada automaticamente
Fonte: Vector Pro

Razão do preço realizado em relação à vivacidade

Com este indicador é possível observar uma variante no preço realizado que reflete um valor justo implícito ponderado pelo grau de atividade dos investidores de longo prazo, também conhecidos como hodlers.

A banda inferior em azul mostra o valor de US$ 19.800 como o preço médio de aquisição on-chain e a banda superior em laranja mostra os US$ 32.700 como o preço realizado para vivacidade, ou seja, valor pelo qual seria interessante a realização de lucros.

As faixas marcadas em azul mostram a similaridade do movimento atual do BTC com os ciclos de 2015 e 2019, quando o preço trabalhou acima da banda azul (preço realizado) e os players efetuaram a reacumulação (novas compras), que foi seguida por altas consideráveis.

Gráfico, HistogramaDescrição gerada automaticamente
Fonte: Glassnode

Pontuação da tendência de acumulação

Este indicador reflete a mudança de saldo agregada dos investidores ativos nos últimos 30 dias. Nele, um peso maior é atribuído aos investidores maiores (baleias e institucionais).

Abaixo, o valor de 1 (em cores roxas) mostra que uma ampla faixa transversal de investidores está acumulando valores significativos em BTC.

Ainda, o indicador mostra que estamos na fase D, com pontuação de 0,25, sendo que essa fase normalmente antecede a A, que é de acumulação, como nos momentos de baixa anteriores.

Interface gráfica do usuário, Aplicativo, Gráfico de linhasDescrição gerada automaticamente
Fonte: Glassnode

Custo base de investidores novos e antigos

Agora, vamos comparar o custo de aquisição dos investidores antigos e novos, já que, em geral, ao formar topos e fundos recentes, o comportamento dos investidores mais recentes tende a dominar o mercado.

O gráfico abaixo mostra que os investidores antigos estão com a média de custos em US$ 23.600 (em laranja), enquanto que os novos estão com a mesma médica em torno dos US$ 19.800 (em rosa).

GráficoDescrição gerada automaticamente
Fonte: Glassnode

Faixa de 1 dia de custo realizado dos hodlers

Esta métrica mede o tamanho de posições que trocam de mãos diariamente e é medido em dólares.

Observando o gráfico, é possível identificar períodos de demanda elevada e grandes volumes negociados ao observar um aumento substancial acima do patamar de 1,5% a 2,5%. A alta de janeiro teve apenas um aumento modesto nesta métrica, subindo de 0,75% para 1,0%.

Isso indica que, embora a atividade da rede esteja aumentando, ainda não está correlacionada com uma alta troca entre players, ou seja, há um baixo grau de mudança de mãos do volume de moedas. Mas, ainda sim, a faixa que o indicador trabalha nos mostra similaridade com outros períodos que antecederam altas (setas verdes).

HistogramaDescrição gerada automaticamente
Fonte: Glassnode

Resumo e conclusão

O mercado cripto teve o seu primeiro movimento corretivo do ano ao trabalhar próximo do suporte em US$ 21.500 após atingir o seu topo em US$ 23.452. 

Graficamente, observa-se maiores chances desta correção se ampliar ultrapassando o suporte dos US$ 21,500 para buscar a região dos US$ 20.400 ou abaixo.

Apesar dos dados on-chain mostrarem similaridades com outros momentos de baixa — com acumulação seguida de alta e um crescimento na base de usuários, além de uma pressão ascendente no mercado de taxas de uso —, ainda devemos ter uma postura bem cautelosa, já que a faixa de forte liquidez dos US$ 24.500 aos US$ 25.500 de 2022 não foi rompida novamente.

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Paula Martins dos Reis – Analista CNPI-T 3012

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