Análises Técnicas
Após o Bitcoin atingir o último topo em uma região tão importante (US$ 25 mil), a dúvida que paira no ar é se haverá continuidade ou uma queda mais brusca. Neste artigo, analisaremos alguns indicadores on-chain e de análise gráfica que auxiliam a detectar os topos e fundos dos preços do ativo.
Nos últimos 15 dias, o Bitcoin (BTC) está em movimento corretivo da última alta e a grande questão é entender se ele fará um movimento mais amplo ou retomará um canal de baixa — e é natural que o investidor seja acometido por essas dúvidas após um 2022 em Bear Market. Além disso, a região dos US$ 25 mil do último topo é de extrema relevância, pois foi o topo de um range macro durante o segundo semestre de 2022. Portanto, é normal que o preço encontre resistências fortes ao retomar este patamar.
Neste artigo, vamos analisar indicadores da análise técnica gráfica e da análise fundamentalista para responder a estes questionamentos e encontrarmos pontos no preço do BTC que sejam ideais para compras para médio e longo prazo.
Para isso, utilizaremos o MVRV, que é um indicador de rede muito conhecido e amplamente utilizado com algumas variáveis, a fim de mostrar como uma única informação de rede pode ser interpretada de diferentes formas na análise de topos e fundos e ciclos de mercado. Assim, a lista completa dos indicadores utilizados aqui é: MVRV padrão; MVRV % de dias acima e abaixo de 1,00; e MVRV Momentum.
Na última quinzena de fevereiro, o preço do BTC trabalhou entre as faixas tracejadas em US$ 25.250 e US$ 22.722.
Graficamente, pela leitura de fluxo, uma correção entre US$ 21.300 e US$ 20.200 é factível, porém o preço se manteve acima na faixa atual, demonstrando bastante indecisão ao formar uma estreita consolidação.
Um dos indicadores que pode mostrar graficamente se o movimento corretivo já finalizou é o IFR 9 (índice de força relativa). Toda vez que ele atinge 70 ou acima, está na região chamada de sobrecompra, ou seja, o ativo já está valorizado, fazendo com que a pressão compradora se tornar fraca e com espaço para uma inversão de tendência. Da mesma forma, no fundo, toda vez que ele atinge 30 ou menos, estamos na região de sobrevenda, onde as vendas já ocorreram, o que torna o ativo barato, e a retomada da compra seguida do movimento de alta é bem grande.
É importante atentar para o tempo gráfico, porque, em períodos mais curtos, a chance de uma demonstração clara do IFR diminui. Porém, no gráfico semanal, ele tende a mostrar topos e fundos de forma até mais clara que o próprio gráfico.
Após visitar a região de 70 por 2 semanas (o que não ocorria desde novembro de 2021), o indicador se encontra em 63,75, demonstrando que ainda há espaço para maior correção.
Outro indicador grafista simples e objetivo para a detecção de topos e fundos é o Ponto Pivot, que tem como objetivo marcar os suportes e as resistências do dia. Para isso, ele soma os preços máximos e mínimos do dia e os preços de fechamento e divide por três, marcando no com linhas vermelhas as resistências, em verde os suportes e em amarelo o ponto pivot do dia.
Atualmente, o preço do BTC trabalha no último ponto pivot e não atingiu os suportes dos últimos dias. Observe nas flechas que temos um ponto de confluência de pivot em meados de janeiro, com suportes de fevereiro, sugerindo uma maior possibilidade de fundo nesta região. O preço ainda não trabalhou até os US$ 20.300 nesta correção, então este indicador também nos sugere maior espaço para o próximo fundo.
O MVRV é um indicador on-chain que nos mostra a relação entre market cap (capitalização) e o custo total de aquisição e que tem 1,00 como ponto de definição. Sempre que ele trabalha acima desta linha de 1,00 temos um custo mais favorável para os hodlers, enquanto que abaixo dela temos um possível momento de prejuízo não realizado.
Atualmente, o indicador está em 1,16, o que cria uma divergência com o movimento gráfico. Ou seja, mesmo durante a correção até os US$ 22.700, o MVRV se manteve acima de 1,00, mostrando uma região de ganhos para os hodlers.
E como este indicador pode nos ajudar a entender topos e fundos? Simples: pelo seu histórico. Veja no gráfico abaixo que a proporção MVRV mostra aproximadamente os períodos eufóricos de lucro extremo não realizado e também os períodos de maior perda no mercado de baixa.
Valores acima do MVRV, em verde (> 2,4), indicam que o mercado possui grandes lucros não realizados e que coincidem com os topos históricos.
Já os valores abaixo do MVRV, em rosa (< 1,0), indicam que o mercado possui perdas não realizadas e que podem confirmar fundos.
Observe também como, atualmente, ele trabalha em zona de indecisão apesar de termos ultrapassado 1,00 em janeiro, após um longo tempo abaixo disso. Por agora, não há indícios de topo ou fundo formados.
Outra forma interessante de observar o MVRV é verificar a quantidade de dias em que ele trabalhou acima e abaixo de pontos extremos. Fazendo essa observação ficará mais fácil identificar os topos e fundos de cada ciclo e as oportunidades de trade nestas regiões.
Observe no gráfico abaixo que:
- Os mínimos do ciclo geralmente se formam se o MVRV estiver abaixo de 0,8 (cerca de 5% dos dias de negociação);
- A capitulação começa quando o MVRV está abaixo de 1,0 (cerca de 15% dos dias de negociação);
- A euforia começa quando o MVRV está acima de 2,4 (cerca de 20% dos dias de negociação);
- Os picos do ciclo normalmente se formam se o MVRV estiver acima de 3,2 (cerca de 6% dos dias de negociação).
Também é possível agregar a análise de momento ao MVRV por meio de uma média móvel, para que a sua oscilação auxilie a observação das alterações de tendência macro.
O gráfico abaixo mostra o MVRV com a média móvel simples de 1 ano. Observe como que nos períodos em que o índice negocia acima do SMA (média móvel simples) de 1 ano geralmente estamos em mercados de alta, enquanto que nos períodos em que se negocia abaixo, o mercado está em baixa.
Os pontos de transição do ciclo são frequentemente caracterizados pelo forte rompimento do MVRV no limite de SMA de 1 ano, o que nos faz concluir que:
- Rompimentos acima (setas rosas) desse limite indicam que grandes volumes de BTC foram adquiridos abaixo do preço atual e agora estes players estão com lucro (acumulação);
- Rompimentos abaixo (setas verdes) desse limite indicam que grandes volumes de BTC foram adquiridos acima do preço atual e agora estão com perdas (distribuição perto do topo).
Ao contrário das análises de MVRV padrão e de porcentagem de dias, veja que o patamar atual do MRV Momentum nos sugere um fundo no preço atual:
Atingir a região dos US$ 25.250 com forte volume de compra foi com certeza um fato muito positivo para o BTC, confirmando que a tendência de alta iniciada em janeiro tende a ganhar força. Mas, ao mesmo tempo, a correção iniciada na última quinzena traz certa ansiedade em definir quais são os melhores preços de compra para os investidores mais cautelosos.
Graficamente, analisamos, além do volume financeiro — que é o padrão das análises de fluxo em nossos artigos —, o IFR (9) no gráfico semanal e o Ponto Pivot no gráfico diário. Numa confluência, todos esses indicadores nos mostraram que a correção ainda tem espaço para se ampliar, com maiores chances de buscar a região dos US$ 20.400.
O MVRV, que é uma das métricas on-chain mais populares e amplamente utilizadas, foi utilizado de forma mais profunda e com 2 variáveis além do seu uso padrão. Em sua maioria, houve similaridade de leitura com a análise gráfica, confirmando que a correção atual pode se ampliar até os US$ 20 mil. Apenas o MVRV Momentum nos deu uma informação diferente: a de formação de fundo dos US$ 22.500 aos US$ 23.000, com possibilidade de seguirmos a alta a partir de então.
Desta forma, apoiando a análise nesses indicadores, sugiro que o investidor que tem interesse de compras para o longo prazo distribua ordens numa estratégia DCA — em que o investidor compra regularmente pequenas quantidades do ativo pareado ao dólar — nas faixas de US$ 22.200, US$ 21.700 e US$ 20.200.. para caso o Bitcoin visite todas as regiões, o investidor estará posicionado como melhor preço médio nesta compra de longo prazo.
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Paula Martins dos Reis – Analista CNPI-T 3012
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